Neste sábado celebraremos a Vigília Pascal, a mãe de todas as Vigílias. Infelizmente ao recordarmos tal celebração, nos referimos a ela como a “missa mais longa” da Igreja, e não percebemos a riqueza de símbolos e elementos que compõem tão grande celebração.
Essa cerimônia é dividida em quatro partes: a Celebração da Luz, a Liturgia da Palavra, a Liturgia Batismal e a Liturgia Eucarística. Duas, das quatro partes são recorrentes em todas as missas (Liturgia da Palavra e Eucarística), os outros dois elementos não, de modo especial a Celebração da Luz, que veremos com mais atenção.
No ano de 2012, em sua homilia da Vigília Pascal, o então Papa, Bento XVI, lembra que dentro desse especial liturgia a primeira leitura, retirada do livro de Genesis traz a primeira frase da narração da criação : «Deus disse: “Faça-se a luz”!» (Gn 1, 3), e acrescenta “Emblematicamente, a narração da criação começa pela criação da luz. […] Que pretende a narração da criação dizer com isto? A luz torna possível a vida; torna possível o encontro; torna possível a comunicação; torna possível o conhecimento, o acesso à realidade, à verdade. E, tornando possível o conhecimento, possibilita a liberdade e o progresso. O mal esconde-se. Por conseguinte, a luz aparece também como expressão do bem. O fato de Deus ter criado a luz significa que Ele criou o mundo como espaço de conhecimento e de verdade, espaço de encontro e de liberdade, espaço do bem e do amor. A matéria-prima do mundo é boa; o próprio ser é bom.”
E dentro da grande celebração desta Santa Vigília, um importante símbolo nasce, é preparado e ocupa seu lugar de destaque, o Círio Pascal. Essa grande vela que é acolhida solenemente ao som da afirmação “Lumen Christi”, “Eis a luz de Cristo”.
E com um gesto tão simples, percebemos a grande dinâmica de Deus para com a humanidade: essa grande vela, o Cristo luz, o Círio Pascal, ingressa em uma igreja em penumbra, sozinho, a única chama acesa; e dessa única vela, as velas dos féis vão sendo acesas, e conforme o Círio Pascal adentra a igreja, a luz se espalha, se irradia. Quando aclamado pela terceira e ultima vez, “Lumen Christi”, percebemos uma igreja, uma comunidade, iluminada pela luz que veio do próprio Cristo.
E especialmente neste ano de 2018, quando a Igreja do Brasil nos convida a olhamos com mais atenção à vocação dos fiéis leigos e leigos, surge o apelo de concretizamos nosso chamado universal, de nos tornarmos “sal da terra e luz do mundo” (Mt 5, 13). E retomando a homilia de Sua Santidade, “neste momento, peçamos ao Senhor que nos faça sentir a alegria da sua luz, de modo que nós mesmos nos tornemos portadores da sua luz, para que, através da Igreja, o esplendor do rosto de Cristo entre no mundo”.
Pe. Mateus Kerches Nicolucci
Praevaleat in omnibus voluntas Dei