Ponto de inflexão da Amazonia: Realidade cada vez mais próxima

Em publicação da revista Nature Climate Change, na última segunda-feira (7), pesquisadores analisaram 25 anos de dados de satélite para avaliar a resiliência da floresta amazônica a traumas como incêndios ou secas.
Em concomitância a isto, sob o impacto do aquecimento global e do desmatamento, a Amazônia está se aproximando de um “ponto de inflexão” mais rapidamente do que o esperado, o que pode transformar em savana a maior floresta tropical do mundo, um sumidouro de carbono vital para o equilíbrio do planeta.
O ponto de inflexão indica que os danos causados a este importantíssimo bioma já são tão graves que não podem mais ser revertidos, causando cada vez impactos à saúde do planeta.
Segundo os modelos, o aquecimento global sozinho poderia empurrar a floresta amazônica para uma transformação irremediável em savana.
O último relatório do IPCC – os especialistas em clima da ONU – publicado há uma semana, voltou a alertar para esta possibilidade, que segundo alguns modelos poderá ser desencadeada por volta de 2050.
Além da Amazônia, sistemas tão importantes para o equilíbrio planetário como as calotas polares, “permafrost” (solo permanentemente congelado, particularmente na Sibéria) que contém enormes quantidades de metano ou CO2, recifes de coral, regime de monções do sul da Ásia ou correntes do oceano Atlântico, são ameaçados por esses “pontos de inflexão”, que podem alterar radicalmente o mundo em que vivemos.
Na Amazônia brasileira, o desmatamento atingiu níveis recordes desde que o presidente Jair Bolsonaro chegou ao poder em 2019.
De acordo com um estudo recente, a floresta amazônica brasileira, que representa 60% do total, já passou de um “sumidouro de carbono” para uma fonte líquida de carbono, liberando 20% a mais desse poderoso gás de efeito estufa do que ela absorveu.
O recente relatório do IPCC sublinhou até que ponto os ecossistemas naturais estão ameaçados, embora sua boa saúde possa contribuir efetivamente para a luta contra as mudanças climáticas.
A terra e a vegetação absorveram assim um terço das emissões de CO2 ano após ano desde 1960.