Vamos perdoar

Você é quem decide o que vai ser eterno em você, no seu coração. Deus nos dá o dom de eternizar em nós o que vale a pena, e esquecer definitivamente aquilo que não vale…
Padre Fábio de Melo

Alimentamos nosso corpo para sobreviver, para cuidar dele praticamos exercícios. E nossa alma, como cuidamos dela?
Você sabe que sua mente reage de acordo com o alimento que recebe.
Quais pensamentos têm alimentado nosso espírito? Fé, confiança em Deus, otimismo, trabalho, estudo, alegria, perdão?
Será que procuramos viver sobriamente do corpo e da alma?
O passado é irrecuperável, não é possível voltar atrás e refazê-lo, mas podemos semear no presente para fazer um futuro melhor.
Pensemos juntos: qual é a mágoa, preocupação ou dor que você anda revivendo e fazendo com que velhas feridas voltem a sangrar?
Você não consegue perdoar quem te magoou? Quantas oportunidades você anda deixando para trás por estar amarrado ao passado?
Desligue-se do passado e escolha ser feliz no presente.
Desarme-se dos ressentimentos, ódios e medos, substituindo-os por sentimentos fraternos, como aceitação da vida, perdão e amor.
Robert Muller, advogado e diretor do Federal Bureau of Investigation (FBI), depois de muitos anos de atividade aprendeu que “perdoar é libertar o prisioneiro… e descobrir que o prisioneiro era você”.
Nosso verdadeiro inimigo é a ignorância, diz Edith Eger, que sobreviveu a Auschwitz e ofereceu tratamento psicológico a veteranos de guerra que lutaram no Vietnã; ela fala sobre alcançar o perdão após a raiva.
Em uma entrevista (1), ela conta que não aprendeu as coisas só nos livros. Aprendeu a transformar o ódio em compaixão vivenciando. Conta a psicóloga: “comecei a sentir pena dos guardas e assim a não os deixar assassinar meu espírito. Eles tinham o poder de me jogar na câmara de gás, eu não tinha qualquer controle sobre isso. Mas eu tinha poder sobre escolher sentir compadecimento deles”. E confessa: “Até rezar por eles, sim, eu rezei pelo doutor Mengele”.
Somos pessoas em perigo quando adiamos para o futuro o trabalho de compreender e perdoar o próximo. Estamos onde precisaríamos estar.
E a vida diz, apenas, viva e deixe viver, porque todos aqueles que dizem perdoar o mal, mas que não conseguem esquecer a ofensa que receberam, não vivem, sobrevivem presos e amargurados.
Na vida espiritual a recomendação é esta para todos: “Perdão pode ser comparado à luz que o ofendido acende no caminho do ofensor. Por isso mesmo, perdoar, em qualquer situação, será sempre colaborar na vitória do amor, em apoio de nossa própria libertação para a vida imperecível”. (2)
Hoje a ciência está investigando o perdão, e os diversos estudos em andamento no campo da medicina e da psicologia apontam a influência das emoções na qualidade da saúde, e já avalia que perdoar é muito bom: esse exercício livra o corpo de substâncias tóxicas que fazem muito mal.
Reflita, não é o que você deixa sair do seu corpo, ressentimentos, lágrimas, que te deixam doente, mas tudo aquilo que o aprisiona dentro de sua mente e afeta você, o seu coração.

(1) Mariane Morisawa, especial para O Globo, em 06/05/2019.
(2) Emmanuel (Chico Xavier) – Aulas da vida – IDEAL.