Tempestades de poeiras e suas possíveis causas

No último domingo, 26, algumas cidades do interior de São Paulo foram engolidas por uma forte tempestade de poeira. Este fenômeno ocorreu em cidades do nordeste paulista, como Franca, Ribeirão Preto e Barretos.
Segundo especialistas, estas tempestades tem relação direta com o uso do solo local da região. A existência de grandes porções de solo seco e sem cobertura vegetal, ocasionados pela forte presença do agronegócio, a região está entre os menores índices de cobertura florestal original do país.
O Triângulo Mineiro, região vizinha da área atingida em São Paulo, também registrou este fenômeno. Coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Humberto Barbosa diz que a tempestade foi causada por uma combinação entre ventos fortes, seca intensa e solos desprotegidos.
A principal cultura cultivada na região é a cana-de-açúcar, que por ser uma cultura anual, ao final da estiagem ocorre sua colheita e, a fim de aguardar o início das chuvas para nova semeadura, o solo fica nu e desprovido de qualquer tipo de cobertura vegetal.
Segundo Gerd Sparovek, professor titular da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP) e presidente da Fundação Florestal do Estado de São Paulo, os canaviais vêm de dois anos consecutivos de um verão pouco chuvoso e que, neste ano, também foram afetados pelas geadas e, com isso, muitos canaviais se tornaram improdutivos e foram derrubados para dar lugar a uma nova plantação.
É incontestável a importância do agronegócio para a economia do país, porém este evento e outros eventos extremos, destacam a necessidade e importância da preservação e conservação da natureza, zelando principalmente pela conservação do solo nas mais variadas formas de uso.