Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo

Na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, dia de Corpus Christi, celebramos e fazemos memória da Nova e Eterna Aliança que Deus fez conosco, tendo Cristo como centro de nossa vida e ações. A celebração remonta ao século XIII. Ela foi instituída pelo Papa Urbano IV em 08 de setembro de 1264, como forma de evidenciar ainda mais a presença real de Cristo na Eucaristia.
Com essa celebração devemos perceber a importância da Eucaristia na nossa vida, não como um ritual mágico, mas como compromisso com Deus na prática da fé, a partir do amor, justiça e solidariedade na comunidade eclesial e na família.
A Eucaristia se esvazia de significado se não for acompanhada desses compromissos, pois Aliança significa pacto, e pacto significa compromisso entre duas ou mais partes.
Na antiga lei (Ex 24,4-8) havia sacrifícios de libertação, de aliança e comunhão, de expiação, de ação de graças; o sacrifício único de Cristo tem em si todos esses valores (Mc 14,24). É o sacrifício pascal de libertação, da aliança e comunhão da humanidade com Deus; da expiação do pecado e de ação de graças. Daí toma o nome de Eucaristia, que quer dizer precisamente “ação de graças”. Nessa ação os homens devem louvar e agradecer no hoje da vida, por tudo que incondicionalmente o amor de Deus fez e faz por cada um de nós. Foi o que Jesus fez no início do banquete da última ceia agradecendo a Deus (Mc 14,22), elevando ao Pai as “ações de graças” que os homens muitas vezes se esquecem de dar pelos benefícios da criação e da redenção.
Ao sair em procissão pelas ruas, ou no que nos é possível hoje, celebrar e adorar em nossos templos o Corpo de Cristo na hóstia consagrada, elevada no ostensório, recordamos diversos momentos da história da Salvação.
Lembramos a serpente levantada no deserto, que curava os que olhavam para a haste levantada (Nu 21,8-9); recordamos a caminhada do povo hebreu no deserto, bem como, nos alimentamos na fé e esperança diante de um Deus amor, compaixão e misericórdia, que na força do Espírito Santo continua caminhando conosco, e neste contexto de pandemia, medo e incertezas, ajudando-nos a atravessar os desertos de nossas vidas.
Estar diante de Jesus eucarístico nas ruas e nos templos nessa festa é também viver a vida de Cristo em nós. Esse Cristo que nos ama, e que por nos amar tanto, dá a sua vida por nós, dá o seu corpo e o seu sangue como alimento (Mc 14,22-24), fazendo assim, parte de nossa vida, através da comunhão eucarística e da sua Palavra: “Façam isso em memória de mim” (Lc 22,19). Assim, toda vez que celebramos a Eucaristia, fazemos no hoje da vida memória desse sacrifício, até que ele venha.
Enfim, neste dia fazemos memória da Nova Aliança, renovamos nossa experiência, encontro, nossa fé, confiança, esperança em Jesus, o pão dos anjos, nosso verdadeiro alimento no enfretamento da vida; testemunhamos o pacto ou o compromisso que Deus tem conosco e que temos com ele. Amados e amadas, “Eis o pão que os anjos comem, transformado em pão do homem… Hoje a Igreja te convida: ao pão que dá vida, vem com ela celebrar! ”.

Pe. Aparecido Barbosa
Paróquia Nossa Senhora de Fátima