Santíssima Trindade: Deus uno e trino, fonte de amor

O Domingo da Santíssima Trindade celebra-se no domingo seguinte ao Pentecostes e que antecede o Corpo de Deus.
Consiste na comemoração do dogma cristão da Santíssima Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo – o mistério da adoração de Deus uno em natureza e trino em número de pessoas.
Celebramos a solenidade do amor que nos une, a Santíssima Trindade. Nela somos batizados e chamados a fazer a vontade do amor que gera vida.
Deus quis caminhar conosco e veio nos ensinar que dar a vida pelo outro é exercício diário e requer paciência, fidelidade e caridade que não terminam, mas que sempre se renovam.
É pela trindade que aprendemos a amar. Pela Trindade manifesta-se um único Deus em três pessoas: o Pai criador, o Filho salvador gerado pelo Pai, e o Espírito Santo gerado pelo Pai e Filho que santifica o Ser Humano.
Na Festa da Santíssima Trindade, de um modo especial, celebramos Deus.
Mas quem é Deus? Como explicá-lo? Como defini-lo? Como conhecê-lo?
Nenhuma pergunta sobre Deus pode ser respondida por nós humanos. Deus nos supera!
Temos noção de quem Ele é, mas não conseguimos defini-lo. É impossível!
Ele é a eterna surpresa. Nosso Deus não é o Deus dos filósofos, mas é o Pai de Jesus Cristo, é o próprio Cristo, é o Espírito de Amor.
Para conhecê-lo deveremos abrir a Sagrada Escritura, principalmente o Novo Testamento, e ver o que Jesus, o Verbo Encarnado, nos diz sobre quem é Deus Pai. O Deus que nos ama e salva é uno e trino, é comunidade.
A fé nessa verdade nos compromete a viver desta maneira, pois somos imagens vivas da Trindade e proclamamos constantemente essa fé, quando rezamos: “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.
Deus nos ama, a cada um de nós pessoalmente, profundamente.
Nós temos a graça de sermos criaturas do Pai; a imensa alegria de termos sido salvos pelo Filho, e sermos glorificados pelo Espírito Santo.
Por isso, imitemos o Pai que é fonte de amor e de vida, reproduzamos a imagem do Filho, fonte de acolhida e de perdão, e retratemos o Espírito Santo, fonte da comunhão e da unidade.
A Solenidade da Santíssima Trindade não é um convite a decifrar a mistério que se esconde por detrás de “um Deus em três pessoas”; mas é um convite a contemplar o Deus que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens e mulheres para os fazer comungar nesse mistério de amor.
A referência ao Deus que tudo criou para nós com sabedoria faz-nos pensar num Pai providente e cuidadoso, que tem um projeto bem definido para os seres humanos e para o mundo.
Contemplar a criação é descobrir, na beleza e na harmonia das obras criadas, esse Pai cheio de bondade e de amor. Somos capazes de nos sentirmos “provocados” pela criação de forma que, através dela, descubramos o amor e a bondade de Deus?
Olhando para a obra de Deus, aprendemos que o ser humano não é um concorrente de Deus, nem Deus um adversário do ser humano.
Ao ser humano compete reconhecer o poder e a grandeza de Deus e entregar-se, confiante, nas mãos desse Pai que tudo criou com cuidado e que tudo nos entrega com amor. Entregamo-nos nas mãos d’Ele, não como adversários, mas como crianças que confiam incondicionalmente no seu pai?
Na Solenidade da Santíssima Trindade, somos convidados a contemplar o amor de um Deus que nunca desistiu do ser humano e que sempre soube encontrar formas de vir ao nosso encontro, de fazer caminho conosco.
Apesar de os seres humanos insistirem, tantas vezes, no egoísmo, no orgulho, na autossuficiência, no pecado, Deus continua a amar e a fazer-nos propostas de vida.
Trata-se de um amor gratuito e incondicional, que se traduz em dons não merecidos, mas que, uma vez acolhidos, nos conduzem à felicidade plena.
A vinda de Jesus Cristo ao encontro do ser humano é a expressão plena do amor de Deus e o sinal de que Deus não nos abandonou nem esqueceu, mas quis até partilhar conosco a precariedade e a fragilidade da nossa existência para nos mostrar como nos tornarmos “filhos de Deus” e herdeiros da vida em plenitude.
A presença do Espírito acentua no nosso tempo – o tempo da Igreja – essa realidade de um Deus que continua presente e atuante, derramando o seu amor ao longo do caminho que dia a dia vamos percorrendo e impelindo-nos à renovação, à transformação, até chegarmos à vida plena do Homem e da mulher Novo.
O relacionamento de Deus com o Ser Humano é dinâmico, ligado à realidade da vida cotidiana.
Deus não busca um povo simplesmente para que o adore e o glorifique, mas sim para revelar-se como vida para o mesmo povo.
Os atos contínuos de dar a vida a seu povo são selados com a aliança que garante, da parte de Deus, a compaixão e a misericórdia.
Em uma palavra, Deus se doa por seu povo para mantê-lo unido consigo em comunhão de vida.
Sendo um Deus fonte de comunhão, não é possível ser um Deus solitário.
O mistério da Santíssima Trindade- Pai e Filho e Espírito Santo – é a realidade que verdadeiramente nos apresenta o Deus único, mas não solitário; o Deus Trino, mas não dividido.
O amor só se compreende na relação e na doação mútua entre as três Pessoas Divinas. A Santíssima Trindade é fonte e testemunho do puro amor, que nos acolhe e nos envolve em um só mistério de salvação.
Nosso coração e nossa mente não são capazes de abarcar todo o mistério de Deus Uno e Trino. Mas, porque temos nossa origem e nosso fim no coração da Trindade, fomos feitos também para amar.
No amor, podemos sentir a presença de Deus no outro, na comunidade.
No amor, podemos nos doar uns pelos outros para fazer a vida florir e frutificar. A saudação de Paulo à comunidade de Corinto, mostra que nossa vida de fé não se compreende fora do mistério de comunhão do Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo.
Diante de tão grande mistério do mais puro amor, resta-nos louvar a Deus não somente por nos salvar, mas por fazer-nos participantes tão íntimos de seu amor.
E estejamos convencidos de que não há louvor mais belo e profundo a Deus do que o amor cantado com nossa própria vida de comunidade.
Peçamos à Santíssima Trindade o dom da comunhão. O dom é graça de Deus, força do Alto que atua rompendo as barreiras e divisões, tendo em vista transformar os muros em pontes.
Deixemos que o Espírito Santo nos convença e impulsione nas decisões e atitudes que fecundam, fazem florescer e frutificam a comunhão na igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Conscientes de que o amor vivido e continuamente experimentado em nosso meio testemunha ao mundo a salvação e a paz, estabeleceremos e construiremos o Reino de Deus entre nós.
Que o Deus da esperança nos cumule de todo bem e, abençoando-nos, faça acontecer em nós, e por meio de vós, a comunhão que revela a face redentora e salvífica de Cristo Jesus! Amém!

Ir Vera Lúcia Palermo
Irmãs do Divino Salvador – Salvatorianas