Quem vem nos receber na morte

A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do caminho.
Santo Agostinho

Muitas pessoas ainda têm dúvidas e questionam o que vai acontecer quando partirmos, deixando o corpo físico pelo falecimento.
Esse mistério é da maioria das religiões cristãs, que não esclarecem diretamente e de forma fácil o que acontece depois da nossa existência na Terra. Como será que é no céu? O céu é realmente um paraíso com jardins? É interessante que a Bíblia não detalha a vida pós-morte.
Mas, Jesus exemplifica algumas vezes, e ele mesmo retorna para provar aos discípulos que a vida continua e é melhor que aqui.
Desde o século XIX, uma filosofia – que é também ciência e religião cristã – veio dar cumprimento às promessas do Cristo de enviar outro consolador, que viria revelar as coisas ocultas e relembrar os ensinos do Mestre – “fora da caridade não há salvação”, “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
Com a publicação de O Livro dos Espíritos em 18 de abril de 1857, tomamos ciência das leis divinas que regulam as relações materiais e espirituais. Depois disso, não pararam de vir novas revelações, e nós brasileiros fomos agraciados com a mediunidade de Chico Xavier.
Essas revelações mostram que o retorno para a vida espiritual é um processo natural e variável de acordo com a situação em que se encontram os espíritos em relação à sua evolução espiritual. Os espíritos relatam que ficam um tempo em locais de repouso para se refazerem da transição e logo estão entre seus entes queridos e amigos, em locais de paz e harmonia, prontos para continuar seu processo de evolução pessoal e de ajuda a seus familiares e semelhantes.
O jovem Ivan Antonelli Fakaib, residente em Bariri-SP, falecido aos 22 anos em 1986, ditou uma consoladora mensagem aos seus familiares. É sua mãe, dona Elenice, quem conta que, perto de completar dois meses da partida do filho, eles receberam a carta psicografada; para o marido dela, que descria de tudo, foi um bálsamo que oxigenou o ar de sua vida e o ajudou a continuar a viver, pois a desolação em seu coração inquietava a esposa. (1)
O jovem, através da psicografia de Chico Xavier, conta que foi recebido por espíritos familiares e amigos: tia Yolanda, vovô Abrahão, e uma alma caridosa chamada de Mãe Maria. Interessante que o vovô Abrahão não era brasileiro, tinha falecido há 70 anos na Síria (bisavô paterno desencarnado em 1916).
Outro fato interessante é que o jovem Fakaib, com menos de dois meses na vida espiritual, voltou aos estudos e à prática da caridade, vindo com um grupo de espíritos amigos visitar sua cidade e a família. Comenta: “Desejei viajar até Bariri e, por lá, pude exercitar a prece, no Lar Vicentino, o antigo Lar, reconfortando irmãos sofredores, e conheci muitos amigos desencarnados e um benfeitor dedicado ao bem dos semelhantes, conhecido no Mundo Espiritual pelo nome de Teotônio Negrão, que me disseram ser pessoa de muita dedicação à nossa família”. (2)

(1) Lar-oficina, esperança e trabalho – Francisco Cândico Xavier, espíritos diversos – Editora IDEAL, 1988.
(2) Coronel Teotônio Negrão, 1855-1905, desconhecido da família Fakaib; somente depois de vários meses foi localizado seu túmulo em Bariri.