Nau sem rumo

Há tempos venho pensando em mudar esses artigos e escrever sobre outros assuntos mais amenos e não somente sobre política. Mas como desviar nosso olhar, se o que está acontecendo no Brasil não nos deixa outra alternativa senão a de revoltar-se contra esses acontecimentos.
Desde há muito, quando ainda era criança, ouço dizer que o Brasil é o país do futuro. Nossa, quanto tempo faz que essa expressão continua sendo um vaticínio, uma profecia e, porque não, uma esperança. O que deu errado?
Como pode um país enorme com reservas naturais imensas, com seu solo agricultável muito maior que todos os outros países, onde não existem catástrofes naturais, onde não neva e, por isso mesmo, podemos aproveitar o solo o ano todo, onde tem-se o maior rebanho bovino comercial do mundo, onde o litoral é aproveitável em sua totalidade, onde temos uma possibilidade de turismo incomensurável e onde o povo é o mais alegre, festivo e receptivo, ter se saído tão fraco em seus representantes, em seus homens públicos?
Somos um país onde não temos representatividade, onde o povo (pobre povo!) sofre calado e cabisbaixo. Onde estão aqueles que prometeram defender nossos interesses? Escondidos em seus cargos, em suas togas, em seus gabinetes elegantes. Comendo o que não comemos e bebendo o que não bebemos e, pior, usando nossos recursos já tão escassos.
Na verdade hoje eles estão com medo, pois pela primeira vez temem por seus mal feitos, suas falcatruas, seus atos abomináveis e lesivos à população e ao país. Correm para não serem pegos pela Lava Jato. Isso mesmo! Podem correr à vontade, pois essa operação não vai parar enquanto não colocar cada um daqueles malfeitores na cadeia.
Nesses dias tem-se falado muito em lista fechada, lei de abuso de autoridade, mudança na Previdêcia, voto distrital e, vejam só, até em parlamentarismo, como se isso fosse possível num país com deputados e senadores abaixo da linha da mediocridade, onde a crise moral é vista com muito beneplácido pelos seus pares, já que todos eles chafurfaram na lama da ignominia. Vejam só que até o já criminalizado Caixa 2 voltou à baila. Eles não tem mais por onde se esconder. Perderam a pouca vergonha que ainda lhes restava.
O que nós, a população, temos a fazer senão bradar por uma reforma política com o intuito de corrigir essas distorções históricas e incentivar a renovação dos quadros, desses nossos representantes. Vamos à luta por essa reforma!
Outro dia li várias pessoas incentivando uma reforma política na base do voto; isto é, não iremos votar para reeleger nunhum deles. Idéia que me agrada em muito. Seria uma forma de criar novos quadros e incentivar novos líderes, já que os atuais não nos representam mais.
Outro assunto que não posso ficar calado é a crise (?) nos Tribunais de Conta, que são órgãos de apoio ao legislativo no sentido de fiscalizar os gastos do executivo. Mas como fiscalizar se todos eles são indicados por esses poderes? Não teria aí um controle leniente já que esses juízes são indicados por aqueles a quem deveriam controlar? Oras, até o mais ingênuo percebe que essa indicação política só pode favorecer o grupo que os indicou e, portanto, eles serão omissos e menos rigorosos em seus controles. O julgamento dessas contas deveria sempre ser técnica, rigorosa e transparente.
Pois é, o assunto, infelizmente, ainda é o descontrole do Estado. O Brasil é um avião sem controle, sem comandante, sem co piloto e, sobretudo, sem os comissários de bordo e, como passageiros nós mesmos. Vamos deixar isso passar incólume? Espero que não mesmo, pois podemos e devemos lutar com nossa força do voto escolhendo muito bem quem terá a honraria de receber nossa escolha. Ainda há tempo antes que a caterva ensandecida aprove a lista fechada. Aí sim estaremos pelados e sem bolso para botar as mãos.
Boa sorte a todos!