Ir ao cemitério ou comemorar em casa

Dia dos mortos ou Dia de Finados: são apenas os corpos que se findam; aqueles que efetivamente amamos e de quem sentimos saudades, hoje espíritos, seguem sua jornada de luz até o dia de nosso reencontro. Lembramos também que quem ama não ama o corpo e sim a alma que habitava ali, e ama sempre, não apenas uma vez por ano… orar por eles não requer um local específico.

Morrer é uma simples experiência que se repete todos os dias com milhares de criaturas e pela qual nós já passamos múltiplas vezes e das mais diferentes formas – criança, jovem, adulto e velho.
Algumas vezes foram repentinas, outras por acidente, e outras por longo período de enfermidade; a esta última situação nós, espíritas, chamamos de dor-auxílio.
Quando a dor-auxílio ocorre é por intercessão de nossos anjos guardiões, para nos proteger de quedas maiores nos vícios, nas paixões, nos apegos, frutos de nosso comprometimento equivocado no decurso da luta humana, bem como para nossa melhoria emocional e, às vezes, para reconciliações.
“É assim que, pela intercessão de amigos devotados à nossa felicidade e à nossa vitória, recebemos a bênção de prolongadas e dolorosas enfermidades no envoltório físico, seja para evitar-nos a queda no abismo da criminalidade, seja, mais frequentemente, para o serviço preparatório da desencarnação, a fim de que não sejamos colhidos por surpresas arrasadoras, na transição da morte” (1).
Não sabemos “se cada homem se sentará no trono que levantou ou se projetará ao fundo do abismo que preferiu. Além disto, é necessário reconhecer que o lapidário aprimora a pedra usando lima resistente” (2).
E o Senhor do Universo, que é sabedoria, amor e justiça, usa aperfeiçoar o caráter dos filhos transviados de Sua Casa, temporariamente afastados de Sua Obra, pelos mecanismos da dor: evolução, provação e auxílio. Portanto, nem sempre o melhor juiz pode ser o homem condescendente.
As almas retornam à vida eterna, ou seja, ao mundo espiritual, para onde todos os nossos antepassados voltaram, e para onde também nós voltaremos um dia, para alegria e felicidade dos bons, justos, pacíficos e amorosos com o seu irmão. Muitas coisas são importantes em nossa existência. Todos sonhamos com um mundo melhor. Comecemos, então, a melhorar o nosso universo interior.
Essa conquista tem em primeiro lugar um plano menor, passageiro e temporário, que é o material. De quanto menos coisas necessitarmos, melhor será nossa serenidade e alegria de viver, e mais contribuiremos com o próximo, deixando mais possibilidades para eles – quando não acumulamos. Em segundo lugar, há as conquistas do ser espiritual: ética, moralidade, crescimento no conhecimento físico das coisas da Terra e também das verdades do espírito.
Portanto, nos esforcemos, porque o que conta são os sorrisos que despertamos, a caridade que fazemos e o amor e a amizade que plantamos pelos lugares que caminhamos; apreciemos a boa música e a cultura.
Deixando de lado as tradições e rotinas para vivermos a mensagem do Cristo diariamente, tenhamos certeza de que o exercício da fraternidade é simples dever e que a prática do bem é o único antídoto eficiente contra o império das dores em nós próprios.
A vida só nos devolve o que damos – dê um sorriso, dê uma mão, dê um carinho, dê um abraço agora, enquanto pode.