Num povoado viviam dois papudos, um sempre amargurado, amaldiçoando seu aspecto e incomodado com o papo, o outro, resignado, era alegre, estimado, tocava e dançava bem e era convidado para as festas.
Certo dia, o papudo simpático foi animar uma festa de casamento no povoado vizinho. Comeu e bebeu bastante, deu muitas risadas e acabou esquecendo da hora de voltar. O jeito era pegar a estrada, não tinha medo, era um homem de bem, andava em paz.
De repente, numa curva, embaixo de uma árvore, um monte de anõezinhos, cantavam e dançavam. Não adiantava fugir, o jeito era enfrentar situação. Começou a pinicar as cordas da viola e a festa se animou. Os barbudinhos gostaram da festa.
Ao amanhecer, a roda se desfez e o mais velho deles, perguntou ao papudo:
_ “Você tocou para nós. Peça algo, que eu lhe darei em pagamento.”
_ “Eu queria me ver livre desse papo que me incomoda muito.”
O anãozinho saltou, agarrou o papo com as duas mãos, o arrancou e o jogou em cima de um cupim. O papudo sentiu seu pescoço leve, agarrou a viola e foi para casa. Agora, sem o papo estava bonito e não contava o milagre para ninguém.
O outro papudo começou a apertar o amigo e tanto pediu que o moço lhe contou tudo.
- “E você não pediu dinheiro. Se eu for rico, com papo ou sem papo, vou ter amigos e mulher bonita. Eu vou lá e vou pedir riqueza”. E foi, dançou e cantou e tudo aconteceu igual.
O anão, mas velho veio propor o pagamento e o papudo malicioso e ambicioso, pediu: - “Eu quero aquilo que meu amigo não quis”, pensando em dinheiro.
O anão foi até o cupim, pegou o papo do outro e o grudou sobre o papo do invejoso que por ser ambicioso, agora tem dois papos.