O encontro entre Deus e o ser humano

Somos filhos de Deus em Cristo, ou seja, somos filhos no Filho e no Espírito. Cristo envia sua graça gratuitamente a nós, e nós por meio de nossa liberdade decidimos se vamos aderir a essa graça ou não. Ao aderir à graça gratuita de Cristo, nós nos tornamos pessoas agraciadas por Deus, nos tornamos pessoas santificadas, não por nossos méritos, mais pelos méritos de Cristo, pois sua graça é também santificante. Acolhidos pelo bem-querer de Deus, nós nos tornamos colaboradores da natureza divina, ou seja, nós também tornamos responsáveis pelo bem estar da humanidade, tornamos responsáveis pela nossa “casa comum” como lembra nosso amado Papa Francisco na carta encíclica Laudato Si’. Amar essa casa comum, amar a humanidade, é deixar refletir em nós esse amor vivificante de Deus que age em nossa vida. Esse amor que vem de Deus, é um amor que não desiste, é um amor teimoso, que não nos abandona. Deus tem um amor amante por nós, e nesse amor, reconhecemos a ação de Deus que age em nós, e nós devemos perseverar nesse amor, e para isso, devemos deixar que a graça de Deus se se torne sempre atuante em nossas vidas. Nunca devemos esquecer que, a graça que vem de Deus, por meio de se Filho, é uma atitude fundamental de Deus na vida humana. Deus nos cria por meio de sua graça, nos salva por meio de sua graça, e nos salva por que Deus é bom, é amoroso, é bondoso, é generoso e é eternamente gracioso.
Deus age na história e na vida humana, é Ele que toma a iniciativa de amar, ou seja, Ele nos ama por primeiro. A sua graça é entregue a nós sem esperar nada em troca. É um amor ágape. Deus tem um amor ágape pela humanidade, que são sua criatura. Fomos criados por Deus, para amar, para amar o outro que, assim como eu, é imagem e semelhança de Deus. Na medida em que eu amo e deixo ser amado, me torno cada vez mais humano, e tornar-se cada vez mais humano é vivenciar a graça atuante de Deus em minha vida. A graça de Deus tem um efeito gratificante na humanidade, e essa graça vem desde os tempos da criação, onde Deus cria o homem e a mulher segundo a sua imagem e semelhança, para serem reflexo de seu amor.
Assim como lemos em Gêneses, Deus cria o ser humano, sua criação mais que perfeita, pois o homem e a mulher foram criados a sua imagem e semelhança (cf. Gn 1,27). Ao serem criados, recebem uma ordem, “sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a (…)” (Gn 1, 28). Desta forma, as outras criaturas criadas por Deus começam a dividir espaço com o ser humano. Deus ao criar o homem, usou como modelo o próprio Cristo. Cristo foi o modelo para que Deus pudesse moldar o ser humano. Pensando desta forma, devemos compreender que não somente a aparência, mais os nossos sentimentos também devem ser iguais aos de Cristo (cf. Fl 2,5). Fomos criados por Deus e para Deus. Isso significa que, fomos criados para amar, pois Deus é amor, e esse amor que caminha conosco nos leva ao seu encontro. Ir ao encontro de Deus, é facilitar que Deus nos encontre, pois, quem nos encontrou foi Ele. Mesmo o homem sendo filho de Deus, amado por Deus, cuidado por Deus, o homem não é isento do pecado. O pecado, infelizmente, está no mundo, e atinge o ser humano em sua natureza (diferentemente o que diz Pelágio no qual diz que o pecado não atinge sua natureza – cf. A Graça (I), p. 105). O pecado é como um chiclete que gruda na sola do sapado, quando o é pisado, e para tirar esse chiclete é necessário um esforço de se agachar, tirá-lo com algum utensílio, e mesmo assim, ficam alguns vestígios do chiclete. Ora, o chiclete é o pecado, o sapado é o pecador e o utensílio é a graça provinda de Deus. Precisamos da graça de Deus para nos limpar, e os vestígios são as marcas dos pecados que em nós ficam marcados. Claro que, essa comparação é muito pobre, mas é para compreendermos que a graça de Deus nos limpa da mancha do pecado, que a graça de Deus é gratuita (como dizia Santo Agostinho) que, não depende das obras humanas, mas é dada para aqueles que o acolhem, e nos torna cooperadores da graça de Deus, desta forma, seremos salvos pela graça de Deus (cf. A Graça (I), p. 107).
A graça não é mérito meu (como recorda Santo Agostinho), mais sim de Deus que nos ama. A graça nos socorre limpando-nos do pecado, sendo assim, precisamos, em nossas orações, pedir à graça que vem do amor generoso de Deus, para que nossa natureza humana seja salva pelos méritos que vem de Cristo e para que os defeitos e pecados de nossa natureza, seja limpa pela graça santificante de Deus doada para nós, por meio de se Filho Jesus.
Padre Aramis Bastos da Silva
Vigário-paroquial da paróquia São João Batista