A Banda segue a rua XV. O maestro e os músicos caminham orgulhosos até a praça central.
Junto segue Lia, ou segurando a partitura ou batendo os pratos.
Nas procissões seu lugar era entre a Congregação do Santíssimo e a Banda, sempre levando os chapéus dos congregados.
Elias Calil, o Lia, um dos sete filhos do comerciante Antonio Calil, viveu toda a sua vida como uma alegre criança, sob os cuidados das irmãs: Iolanda, Amelia, Suria e Mari. Sua idade mental estacionou entre 4 ou 5 anos. Era conhecido, amado e respeitado por toda cidade.
Acostumou-se a ir às missas pela manhã e ás rezas, as tardes.
Era comum encontrar o Lia pela praça, vindo ou indo para a Igreja.
Numa ocasião, um orador sacro emocionava a todos com a Vida e Paixão de Cristo. A igreja estava lotada e todos em silêncio ouviam a passagem em que Jesus expulsou os vendilhões do templo. Nisso Lia grita:
– Aí, sacudido!
Todos riram e o sacerdote ficou assustado.
Coisas do bom e saudoso Lia. Se lhe perguntavam:
– Lia, quantos anos você tem? Sorrindo, ele respondia:
– Doiiiis…
Fonte: Gente e coisas do passado (J H de Carvalho)
Foto ilustrativa
