“Javé disse a Abrão:
“Saia de sua terra, do meio de seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei.” Gn 12,1
A missão vai além de fronteiras geográficas, além de pessoas, além de credo, ou etnias. É um estado de espirito permanente. Todo o meu ser é missionário, todas as minhas ações me leva a viver esta experiência de um Deus itinerante que não tem onde reclinar a cabeça e que a todo instante me desinstala de onde estou e me leva a outros lugares. Quando estamos disponíveis para Deus aparecem muitas oportunidades de missão, pois Deus sabe que pode contar conosco e por isso a todo instante nos convida a ir… Sair de nos mesmas e partir para os lugares onde muitos não querem ou não podem ir. Sair ao encontro da vida como Maria que apressadamente sobe a montanha de Judá e vai visitar Isabel e servi-la.
A missão ad gente é em primeiro lugar romper fronteiras dentro de nós mesmos, pois quando o nosso interior esta livre de nós mesmos não tememos os muros geográfico e o espaço se torna logo ali. A Missão além-fronteiras é um tempo oportuno e favorável para quem quer experienciar em sua vida a itinerancia de Jesus, que vivia nas ruas, aldeias e povoados de sua época. O convite de Deus é para que entremos em outro país, outra cidade, outra cultura, e na vida do outro de um jeito novo, tirando as sandálias dos pés como fez Moisés: “Tire as Sandálias dos pés, pois o lugar onde pisa é SAGRADO”. O outro é SAGRADO, precisamos ter claro isso e não podemos ir a ele de qualquer jeito. Com certeza não preciso levar nada, pois tudo o que se precisa já esta lá. Deus está lá, Ele nos precede na Galileia da missão.
A Experiência de inculturação na cultura de outros povos é comparada a uma casa de pessoas desconhecidas. Não conhecemos as pessoas, a cultura, a área geográfica, os costumes. Ao sermos convidadas a entrar na casa, na cultura, na vida de outro povo vamos com cuidado, observando tudo, conhecendo os cômodos e aprendendo o jeito das pessoas se relacionarem, lidarem com as coisas, animais, com o trabalho. É como se não soubéssemos nada e temos que aprender tudo, novamente. É entrar na vida do povo deixando-se evangelizar por ele numa troca mútua de experiências, dando e recebendo.
Exige muita paciência e um esvaziamento de si mesma para deixar que o novo faça parte de nossa vida sem deixar morrer em nós, a essência de nosso ser. Esvaziar-se de si mesma como fez Jesus, que não se prevaleceu de sua condição divina, mas fez-se Servo, Servidor de todos. Um esvaziamento semelhante ao de Maria que acolhe a semente de Deus em seu Ventre Vazio, e gerando Deus em sua Vida, deixa vir a nós o Novo, a Esperança de um mundo melhor, e assim, Deus se faz carne e se incultura na cultura humana.
A missão ad-gentes possibilita dar um passo além do nosso mundo, além da nossa cultura e além das fronteiras que circundam nossas vidas. Estar disponível para responder ao apelo de Deus em qualquer lugar é para a missionário/o uma oportunidade de viver em plenitude a vocação de Ser Consagrada na certeza de que nossa consagração é para estar a serviço dos mais necessitados, pois o Deus que vê, ouve o sofrimento do povo deseja descer através de nós para estar presente no mundo de um jeito bem humano Ex 3 7ss.
Assim como Deus perguntou a Isaías: “Quem irá por nós? Ele pergunta a nós missionárias/os, hoje. Quem irá por nós? E com Certeza muitas de nós ardorosas/os de um grande Amor por Deus e pela humanidade responderemos como Maria: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim a tua vontade”. E saindo as presas, como Maria, visitaremos o mundo levando em nosso ser a esperança de um mundo melhor, mais humano, mais fraterno e muito mais solidário. Um mundo globalizado no amor. O Brasil é considerado o segundo pais com maior numero de missionários em outros países
O que nos sustenta nesta missão é um grande ardor e amor missionário, fruto de uma mística que coloca Deus no interior da vida e da história. Sabemos que este amor missionário não surge por si mesmo, mas a partir de uma profunda experiência de Deus, na Eucaristia, e uma paixão vinda do coração pela vida e pela causa do Reino de Deus, Amor este que suscita a vibração, o entusiasmo, a alegria e a coragem para enfrentarmos qualquer tipo de conflito, dificuldade e ou perseguição.
Os pobres nos evangelizam, e nos mostram que ser missionária/o é não nos deixarmos envolver pelo ativismo que faz de nossas vidas o centro de tudo, mas nos situarmos no coração de Deus deixando que leve a nossa vida a uma entrega maior. Precisamos sair de nós mesmas/os para nos tornamos um instrumento nas mãos de Deus, e mergulhar com afinco no Deus Divina Providência, que toma conta de nossas vidas, confiando plenamente na sua vontade, com a certeza de que Deus Cuida de nós como a pupila dos seus olhos….
A todo instante, Jesus chama para a missão, mulheres e homens que desejam consagrar sua vida a serviço do outro, leigos e leigos que vivam plenamente sua consagração matrimonial testemunhando o Reino de Deus e assumindo seu papel de protagonista na missão da Igreja. As instruções que Ele nos passa são as mesmas que foram passadas aos / as primeiros / as discípulos / as. Vem e segue-me.
É importante que estejamos com as lâmpadas na mão, os ouvidos bem atentos e com o coração sempre aberto para ouvir e acolher o seu chamado! Ele quer contar com a nossa disposição, com o nosso serviço na construção do Reino de Deus para que a nossa sociedade seja mais justa e fraterna! O mandato de Jesus é este: “Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a criatura. Mc 16,15”.
Em fim, ser missionária (o) é ter sempre uma atitude de disponibilidade. Estar disponível crente, que, Deus ao passar seu olhar pelo mundo e vendo as necessidades mais urgentes, lembre-se que pode contar conosco, pois em nós Ele vai encontrar sempre uma terra fértil e pronta para receber uma nova semente. O Dom de SER e Viver sempre em estado permanente de Missão.
Ir Vera Lucia Palermo SDS – Missionária Salvatoriana na Guatemala
veraluciapalermo@gmail.com