Quanto custa o seu amor?

Existe uma frase célebre: “Quando te conheci você não era assim.” Entretanto, qual era a sua expectativa diante deste relacionamento?
Quando estamos apaixonados tendemos a idealizar o parceiro, ou seja, atribuímos a ele características que nem sempre correspondem ao que ele é de verdade. Tudo aquilo que vivemos, as relações que tivemos durante a nossa vida, seja com pais, irmãos ou mesmo outros relacionamentos tendem a deixar marcas em nós, e estas, podem interferir significativamente na percepção que temos sobre o outro.
Dizemos que se projeta no outro atributos pessoais (sejam pensamentos inaceitáveis ou indesejados ou ainda emoções de qualquer espécie), é como se buscássemos alguém “a nossa imagem e semelhança”, mas , se a pessoa não atende ao que almejamos tendemos a nos decepcionar. Tenho pensado que isto se dá devido a nossa dificuldade em lidar com os “descontroles da vida”, não se há certeza alguma de que um relacionamento dará certo, toda relação é uma aposta que se inicia com conversas, olhares, carinhos e um desejo de que se dê certo. Amar é sem garantias, é reconhecer que “cada caso é um caso”, pois cada sujeito é singular. Mas, de fato, estamos dispostos a isso?
Segundo o psicanalista alemão Erich Fromm (1900-1980), tendemos a buscar uma objetificação do outro, ou seja, assim como escolhemos um carro com todos os seus equipamentos, tendemos a aplicar a lógica do capital nas relações, e passamos a buscar um parceiro que atenda aos nossos pré requisitos, o que dá a sensação de intolerância a frustração, o que faz com que muitos relacionamentos tenham acabado, ou seja, aquilo que não controlo, não me interessa. De acordo com a socióloga Eva Illouz (1961), os relacionamentos estão coisificados, “na cultura do capitalismo afetivo, os afetos se tornaram entidades a ser analisadas, inspecionadas, discutidas, negociadas, quantificadas e mercantilizadas”, assim, o encontro com o outro se torna apenas um processo seletivo, o qual o mais apto ocupará o cargo e, quando não houver mais serventia, será rapidamente substituído, não há uma preocupação em se conhecer o outro, em saber o que ele gosta ou o que ele pensa, é uma relação narcísica, aquilo que não acaricia meu ego, não me serve, talvez essa seja a mais triste forma de amar.
Assim, concluo que o amor é amor, fosse acertivo não seria amor, seria matemática, fosse acertivo não daria borboletas no estômago.