Mensagem de Natal

Amados Irmãos e Irmãs, estamos mais uma vez celebrando o Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Para os cristãos, é um tempo de renovação da esperança, pois o Natal recorda que o homem não está só neste mundo: Deus veio ao seu encontro, entrou na sua história de maneira surpreendente, tornando-se próximo de todo homem, estendendo a mão para reerguer os caídos, curar os enfermos, libertar pobres e oprimidos e trazer luz e consolo aos aflitos.
Não seria nenhuma aberração afirmar que todo o esplendor do Natal se resume no fato de que Deus se fez pequeno e próximo, passando quase despercebido aos olhos humanos e longe dos holofotes sensacionalistas da imprensa ou das curtidas de facebook da vida moderna.
Naquele tempo não havia lugar para Ele nas hospedarias ou nas casas, mas sim numa manjedoura, indicando assim que “A Palavra eterna fez-se pequena; tão pequena que cabe numa manjedoura. Fez-se criança, para que a Palavra possa ser compreendida por nós” (Bento XVI).
Na liturgia do Natal cantamos: “nasceu-vos hoje o Salvador, que é o Messias, o Senhor.” (Lc 2,11). Ninguém o teria imaginado assim. Fugiu a todas as expectativas, se revelou tão pequeno, tão frágil, totalmente sujeito aos cuidados de Maria e José, nos ensinando que a onipotência de Deus se manifesta na sua misericórdia. Deus assume um rosto humano. Ele pode ser visto, ser tocado, ele faz um de nós e vive como nós. Prova de nossas angustias, sofrimentos, lamentos, mas alimenta a esperança e nos ensina a amar, pois Deus é movido pelo amor.
E o “Verbo que se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). O amor de Deus passou a ser testemunhado de maneira concreta no seu viver, no seu estar junto de seu povo. São Paulo interpreta este acontecimento afirmando: “Ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens.” (Fl 2, 6). E os cristãos nunca mais deixaram de lembrar em Jesus Cristo, Deus tornou-se próximo de cada homem; tão próximo, que se fez um deles. Falou-lhes humanamente; com coração humano, mostrou compaixão e misericórdia para os que, na nossa lógica soberba, não contam e podem ser descartados. Todo divino, todo humano, a todos estendeu a mão para resgatá-los de toda alienação. O divino e o humano podem estar mais próximos do que imaginamos!
O Natal continua a inspirar fraternidade, esperança e paz; faz acreditar que o mundo pode ser melhor, as relações humanas podem ser mais sinceras e construtivas, que cada pessoa tem valor e que todos merecem experimentar a felicidade.
Assim, este ser pequeno e próximo torna-se surpreendente, e nas palavras do nosso querido Papa Francisco é preciso acolher as surpresas de Deus nas várias circunstâncias da vida, alegres ou tristes. Deus é surpreendente e, bem por isso, também é a fonte da esperança, uma vez que nem tudo depende só de nós; se viesse a ser realidade apenas aquilo que nós somos capazes de suscitar, não haveria esperança de superação dos nossos limites.
Refletindo assim, quero desejar a todos, do fundo do meu coração, que este Natal nos ajude a nos esvaziarmos de nossas pretensões de grandeza, prepotência e poder; esvazie o orgulho que incha, fere e afasta, para que diante do Deus Menino, possamos usar da mesma expressão de Santa Terezinha: “Não posso temer um Deus que se fez tão pequeno por mim. […] Eu o amo!”
Feliz e abençoado Natal a todos!