Causos – O roubo do relógio

Naquele arraial distante havia um sujeito, o Justino, danado para roubar coisas miúdas, uma galinha, um cavalo… Todos já estavam acostumados com seus furtos e bastava alguém dar por falta de algo que vinha o comentário: ”Foi o Justino, o larápio”.
Numa dessas sumiu o relógio do cumpadi João, uma pessoa querida, e lá foram todos dar parte do fato na delegacia mais próxima.
O delegado pergunta:

  • “Os senhores viram o Justino roubar o relógio”.
    Cada um dá a sua informação: ”Vê eu num vi, mas ele é ladrão mermo”.
  • “Dotô, pode prender sem susto, ele roba mermo, uai”.
  • ”Dotô, prenda logo esse sem vergonha. Foi ele.”
    E o delegado:
  • “Olha aqui, Justino, tenho certeza que você roubou o relógio, mas como não tenho provas cabíveis, palpáveis e congruentes você está por mim, absolvido”.
    Justino assustado e não compreendendo o significado da palavra, questiona: “O que, dotô. O que o sinhô me diz. Eu tô absorvido”.
  • “Sim, está absolvido,” diz o delegado. E o Justino, muito triste, comenta:
  • “Qué dizê intão que vô te que devorvê o relógio”.