Causos – A hóspede importuna

O João-de-barro já estava arrependido de acolher em sua casa aquela fêmea que lhe pedira abrigo em caráter de emergência. Ela brigou com o companheiro e este a convidou a retirar-se e não tendo para onde ir, pediu abrigo na primeira casa que encontrou, e o dono foi generoso, abrigando-a. Acontece que o João-de-barro construíra a casa para seu uso, aquela presença perturbava seus hábitos. Já não achava prazer em nada, em voar e descansar, dar seus gritos musicais e a fêmea não parecia inclinada a sair, para grande aborrecimento do solitário.
Resolveu pedir ajuda de um colega a fim de se livrar da importuna. O amigo estava tomando as providências para fazer a sua casa, mas decidiu parar a construção e ir com o amigo conquistar o coração da intrusa e convence-la a sair. O amigo foi e dentro da casa se apaixonou pela fêmea. Estava tão bem que não quis mais sair. Para que ia construir uma casa se já estava naquela e com seu amor ao seu lado?
E assim viviam os três… o dono solteirão sem forças para reagir, tornou-se um empregado do casal, trazendo os alimentos e fazendo os serviços da casa. E ele suspirava
– Ainda bem que construí uma casa espaçosa.