Os dois garotos brincam na praça, Paulinho, riquinho, loiro, olhos claros, outro… Jorginho, pobre, negro, do morro… mas naquele momento eram só crianças, eram iguais.
O rico apesar de bem nutrido, não conseguia vencer o pobre em nada nas brincadeiras. Paulinho quer vingança e sem diplomacia, faz valer os seus títulos para humilhar o companheiro.
- “Minha casa tem tapetes no chão televisão, lustres de cristal” e Jorginho que nada tem, sente-se o menor dos meninos da cidade. E a ostentação continua:
- “Meu pai tem sítio, usina, iate, apartamentos.” Jorginho baixa os olhos, triste.”
- “Meu pai é deputado, tem vários ternos, casa de campo.” Jorginho sente-se o menor menino do Brasil.
Paulinho, orgulhoso ia só informando:” Meu pai tem cavalos, milhões e é amigo do Governador.” O pobre, agora, já se sente mínimo. E Paulinho acrescenta: - “Meu pai tem retrato no jornal.”
Aí sim, Jorginho pula vitorioso. Agora tem uma resposta. Tira do bolso um pedaço de jornal amassado e o exibe, orgulhoso: - “O retrato do meu pai também sai no jornal. Pensa que só o seu pai que é ladrão.”