Boníssimo “MIGUELITO”

sem-titulo-75Chego à casa do Miguelito, de mansinho. Mais uma vez sem lhe comunicar com antecedência. Mas, para ele, sempre é bem-vindo os amigos de tantos tempos. Aliás, desde que me conheço por gente.
Muita conversa e, é claro, o boníssimo amigo sapeca algumas músicas ao seu inseparável piano. Lá se vão as horas compartilhando com a doçura desta figura e do seu talento sem igual: piano, sanfona, cavaquinho, etc., etc. – tudo dominado pelas suas ágeis mãos. Se os olhos lhe faltavam; sobravam-lhe outros meios. Mas nada de tristeza; só gargalhadas, dessas que só ele mesmo para produzirem-nas.
Desta minha última visita, pedi-lhe um texto para contracapa da obra “Jardim Perfumado” – versos inéditos do talentoso João Prata, que garimpei pelos papéis deixados por ele e que se encontram numa pasta na Biblioteca Púbica Municipal, que leva o seu nome, além da pesquisa em jornais de nossa querida Capivari.
Não determinei tempo, pois estava em busca de patrocinadores para tal livro. Mas eis que ele¸ de modo tão afável, me disse que faria naquele mesmo instante. Apanhei papel e fui escrevendo o que ele me dizia. .
Ainda não houve como publicar o livro póstumo do João Prata. Mas, certamente, tudo está pronto e, para homenagear o querido e já saudoso Miguelito, aqui reproduzo o que será estampado na contracapa da dita obra:
“Minhas Considerações sobre João Prata:
Lembro-me pouca coisa de João Prata, a não ser quando de sua visita em minha casa. Homem polido, extremamente educado (“fino”, diria) e cheio de ideias brilhantes.
Eu era ainda um garoto e a sua presença nos causou forte emoção. Meu pai, Humberto, ofereceu-lhe cerveja, enquanto eu executava, ao piano, músicas da época. Isso lá para as bandas de 1952.
Posso dizer, com toda segurança, que ele é um dos nossos melhores poetas capivarianos: muitos versos, muita prosa e muita poesia, ressaltando a sua coautoria do Hino de Capivari, junto com o grande João E. Capóssoli.
Lembro-me, também, do entusiasmo latente que havia dentro dele por Capivari. Através do jornalismo empreendeu iniciativas marcantes da época, pois a nossa cidade sofria com a falta de luz, que só foi inaugurada em julho de 1953, com os motores à Diesel-Alemão.
João Prata, além de ser uma pessoa boníssima, possuía um carisma e, como tal, um carinho com todas as pessoas.
Infelizmente, nos deixou prematuramente, aos 51 anos de idade, nos legando um exemplo edificante de acendrado amor pela nossa cidade, no seu talento de ofício e na arte de escrever, como pouco se viu em Capivari.
Este trabalho, reunindo sonetos e poemas, ainda inéditos em livro, com o título de “Jardim Perfumado”, é uma homenagem póstuma a quem sempre deu tudo de si pela sua terra.
Honra-me sobremaneira participar deste tributo ao nosso querido João Prata, dando o meu testemunho de sua grandeza pessoal, somado ao que ele representou na poesia e no jornalismo”. Miguel Angelo Annicchino.
Eis, pois, em poucas palavras, o tributo que presto a este meu grande amigo que foi, acima de tudo, um batalhador incansável.
Minhas saudades!