Sepultar vícios e paixões e dar asas às virtudes

Não faças de teu corpo a tumba de tua alma.
Pitágoras

Se já ouvimos, por certo não prestamos atenção: que precisamos de pouco para ser felizes. Queremos sempre acumular, mesmo que não seja necessário ou que acabemos nos tornando acumuladores: de bens materiais, de posses, de poder, de vantagens ou fama.
A dificuldade é que precisamos de muita experiência para compreender isso – viver com pouco e viver sóbrio. Vejo isto nas clínicas de dependência química, vejo isto nos hospitais e prontos-socorros, diante das enfermidades graves e traumáticas.
Fico pensando em até que ponto é importante alimentar o ego doentio, manter nossas vontades e prazeres, em detrimento de nossa saúde, de nossas amizades e famílias?
O brasileiro que se formou em matemática e filosofia na Universidade de Coimbra, em 1793, Mariano José Pereira da Fonseca, conhecido na literatura como Marquês de Maricá (por sua descendência carioca), celebrou esta frase muito verdadeira, que o diga quem desenvolveu uma dependência: “Os abusos, como os dentes, nunca se arrancam sem dores”.
Misturado nas massas populares, Deus envia espíritos nobres para nos edificar um caminho de sabedoria, espiritualidade e saúde mental. Foi o que aconteceu no ano de 1842, com o filósofo e psicólogo americano William James, que se transformou no primeiro intelectual a oferecer um curso de psicologia nos Estados Unidos, e que nos revela: “A maior descoberta de minha geração é que qualquer ser humano pode mudar de vida, mudando de atitude”.
Muito sábio e simples, não é? Assim vamos compreendendo que a serenidade não é a ausência de conflitos, é a capacidade de nos desenvolvermos intelectual e moralmente para administrar os conflitos, em paz.
Naquela passagem do Evangelho onde Jesus é tentado pelas coisas materiais, entendemos com ele que não vivemos somente para cuidar das coisas do corpo, alimentação e bens, mas que, na maioria das vezes, estamos tão preocupados com essas coisas que nos distanciamos daquilo que nos dá vida saudável e mais de acordo com as Leis de Deus!
Cultivar um relacionamento com o Pai Eterno é alimentar nossa mente e nossa alma, e é tão importante quanto comer ou nos agasalhar ou nos proteger das intempéries. Quando começamos o dia agradecidos pela Bondade Divina, é certo que vamos terminá-lo realizados, pois isso é uma bênção.
Não perdemos por ser despojados, humildes, generosos, por querer o bem, por nos doar. Perdemos quando deixamos de mudar nossas atitudes e não expandimos nossa aura de fraternidade, de nos doar e receber, quando deixamos passar a oportunidade de sentir o coração e a mente serena – como se, dentro da alma, também houvesse uma pequena claridade que vai se transformar num pequeno sol no futuro.