Quanto fere e quanto pesa a língua

Cada experiência é uma oportunidade de aprender, e errando estamos construindo o acerto.
Um provérbio diz que o sábio aprende com o erro alheio, e temos que usar isso como lema para nos corrigirmos mesmo, porque não viveremos tempo suficiente para primeiro cometer todos os erros, e então poder viver acertadamente…
Outro ditado diz que o homem prudente aprende com os próprios erros, e o ignorante sofre as consequências dos seus erros.
A língua pesa pouco, mas poucos conseguem segurá-la – e esta é uma das maiores fontes de nossos erros. O apóstolo Tiago 3:1-6 diz:
“Meus irmãos, muitos de vós: não vos torneis mestres, pois que receberemos mais duro juízo. Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo.
Ora, nós pomos freio nas bocas dos cavalos, para que nos obedeçam, e conseguimos dirigir todo o seu corpo.
Vede também as naus que, sendo tão grandes, e levadas de impetuosos ventos, se viram com um bem pequeno leme para onde quer a vontade daquele que as governa.
Assim também a língua é um pequeno membro, e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia.
A língua também é um fogo; como mundo de iniquidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo.”
A natureza humana ainda é de imperfeição, por isso cometemos erros, por isso temos uma tendência natural de fofocar, de resmungar, de criticar, de nos revoltar, de gritar, xingar, blasfemar etc.
Para transformar isso, precisamos mudar não a língua, mas nosso coração e mente, porque a boca exterioriza aquilo de que o coração está repleto.
A transformação da nossa vida deve começar com a árvore (coração e mente) até chegar ao fruto (a língua).
Como apagar essa chama que queima entre nossos lábios?
A espiritualidade nos recomenda pensar antes, pensar sempre, e peneirar nossas palavras.
De tal forma que falemos sempre no bem, porque é impossível domar a língua sem domar o coração e a mente.
Conta-se que certa feita uma pessoa apressada procurou Sócrates. Tinha algo a dizer sobre alguém, conhecido do filósofo.
Este, deixando seus afazeres para dar atenção ao visitante, perguntou-lhe: você já passou o que vai me contar pelos três crivos?
O rapaz, estranhando, replicou: que coisa são esses três crivos?
E o filósofo grego explicou: são as três peneiras da razão e da ética.
Primeira: o que você vai me contar é verdadeiro? O que você quer me contar é um fato que assistiu?
Caso tenha ouvido apenas falar, a coisa deve morrer aí mesmo.
Considerando que seja verdade, devemos então passar pelo segundo crivo: o da bondade.
O que vai me contar vai ajudar a construir ou destruir o nome e a vida do próximo?
Supondo que seja verdadeiro e bom o que tem a dizer, vamos passar pelo terceiro e último crivo, o da utilidade: soluciona alguma coisa, auxilia na existência da pessoa?
E conta-se que o informante ficou triste e voltou para casa, porque o que tinha a revelar não passava pelas peneiras.
Portanto, pensemos nisso antes de falar, escutemos o próximo e a nossa consciência! Tanto quanto possível, procuremos nos aplicar ao bem, pensando e falando no bem.
Já dizia Montesquieu: “Quanto menos os homens pensam, mais eles falam”.