O PERDÃO DE CADA DIA

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Toda pessoa deve fazer oração, assim como fazemos a higiene matinal; como nos alimentamos no café da manhã para dar sustentação ao corpo, assim também devemos nos alimentar espiritualmente para manutenção de nosso espírito.
Na clássica prece de Jesus, o Pai-Nosso, aprendemos a louvar, agradecer e pedir.
Além disso, também aprendemos outras virtudes, como a indulgência: “Senhor, perdoa as nossas ofensas como perdoamos nossos ofensores”.
Outra recomendação muito importante: liberte-se das agruras do dia a dia e do passado, tais como desejo de vingança, revanche, ressentimento, mágoa, desforra, represália, castigo, punição, rancor, ódio…
Não deixe que esses sentimentos o sufoquem, porque isso só vai gerar obsessão e dor. Desabafe com um amigo. Procure ajuda.
A psicopedagoga Tânia Zagury afirma que as coisas não ditas e não discutidas conjuntamente vão sendo “empurradas” para o fundo do coração, mas sempre emergem, vez por outra, azedando as relações, “pois a boca fala do que está cheio o coração”.
Hoje, a própria medicina vem confirmar que perdão é sinônimo de saúde.
O médico Francisco Cajazeiras, da Universidade Federal de Fortaleza (Unifor), recomenda aos seus pacientes que exercitem o perdão, mas de forma plena, total: “Perdoar não é simplesmente esquecer a ofensa, eliminando do pensamento aquele que ofendeu; é preciso avaliar as próprias atitudes”.
Corroborando esse pensamento, o psiquiatra Augusto Cury assevera que “o maior beneficiário do perdão é quem perdoa”.
Agindo com perdão, livramo-nos do ódio que corrói os sentimentos e o próprio corpo físico, que pode adoecer.
Sendo indulgentes com nosso semelhante, libertamo-nos das algemas do ódio e podemos seguir livres, rumo à felicidade.
Perdoando, não mais acordamos com o ofensor em nosso pensamento; ele não estará mais presente às nossas refeições diárias nem perturbará mais o nosso sono.
E mais: o agressor de ontem poderá converter-se no amigo de amanhã.
O espírito protetor de Chico Xavier, Emmanuel, faz uma comparação: “Perdão pode ser comparado à luz que o ofendido acende no caminho do ofensor.
Por isso mesmo, perdoar, em qualquer situação, será sempre colaborar na vitória do amor, em apoio de nossa própria libertação para a vida imperecível”. (1)
Gandhi, o Mahatma (ou “grande mestre”), uma vez interpelado a respeito das agressões, desacatos, injúrias e outras violências de que fora alvo, respondeu que nada havia a perdoar porque jamais se sentira ofendido.
Almas nobres como Sócrates, Joana de Cusa ou Estêvão, o protomártir do cristianismo, também testemunharam a excelência do perdão.
Ninguém, porém, como Jesus o fez de forma tão singular. Do alto da cruz, no momento extremo, ainda encontrou forças para pedir em favor daqueles que o crucificavam: “Perdoai-os, Pai. Eles não sabem o que fazem”.
Volto ainda ao Mahatma, que declarava: “Aprendi, através da experiência amarga, a suprema lição: controlar minha ira e torná-la em calor, que é convertido em energia. Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo”.
O fraco jamais perdoa: o perdão é uma das características do forte.
Diz o sábio francês Allan Kardec, na sua obra missionária: “Perdoai, usai da indulgência, sede caridosos, generosos, e até pródigos em vosso coração. Dai, pois, e o Senhor vos devolverá; perdoai, pois o Senhor vos perdoará; rebaixai-vos, pois o Senhor vos elevará; humilhai-vos, pois o Senhor vos fará sentar à sua direita”. (2)

(1) Aulas da vida, Emmanuel, Chico Xavier.
(2) O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. 10, item 14.

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