Natal. Um amor que se encarna

Natal… Natal …. A encarnação do filho de Deus é um tempo especial que enche de alegria todos os cantos do mundo. Tudo fica inspirado da magia do Natal: o tempo, o espaço, a cultura, a religiosidade, o culto, as relações sociais… tudo fica impregnado pelo fato de que Deus entrou em nossa historia, Deus se fez humano. O Filho amado do Pai, O Salvador do mundo se encarna e vive como humano. Ele vive e sente em seu ser as limitações humanas vivendo os sentimentos e dores da humanidade.
Jesus vem ao mundo como Salvador. Um Salvador pressupõe que haja pessoas que necessitam ser Salvas. È bom perguntar-nos. Necessitamos nós de um Salvador? Nós os homens e mulheres de hoje, necessitamos de um Salvador?
No mundo atual podemos dizer que temos tantas oportunidades, tantas coisas que podem substituir nossas necessidades de saúde, prazer…. Felicidades, medicamentos. “Podemos pensar ‘Eu não necessito de coisa alguma”, pois o mundo de hoje oferece muitas coisas que podem dar segurança, assim não necessitamos de Salvação. Nós podemos não sentir necessidade de nada, mas Deus que conhece o coração do ser humano sabe, que mesmo que não reconheçamos nossas necessidades, precisamos de Deus em nossa vida e missão. “Pois Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, e sim para que o mundo seja salvo por meio dele”. (Jo 3,16-17)
Jesus ao se encarnar desce a terra e vem compartilhar conosco sua vida, seu amor, sua mãe gratuitamente, sem receber nada em troca. Ele vem, sobretudo, nos dar a conhecer o Pai. “Quem me vê, vê o Pai.” Jo 17, 21. É Jesus, O Filho que nos revela o amor misericordioso do Pai. Jesus nos oferece o melhor de si mesmo. “Ele tinha a condição divina, mas não se apegou a sua igualdade com Deus. Pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se semelhante aos homens.” (Fl 2, 6-ss)
Realmente nossa alma se enche de alegria ao ver a humildade de nosso Deus que se rebaixa a condição humana para compartir gratuitamente sua vida com o ser humano.
Vem nos dar seu amor Divino; vem divinizar nossa vida. Jesus vem ser irmão, vem ser um cidadão da terra e vive no meio dos mais excluídos e pobres. “No principio era o Verbo e o Verbo era Deus … e o Verbo se fez carne e habitou entre os humanos … Da sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça”.
De acordo com os textos bíblicos e também com a experiência dos grandes santos da Igreja, uma das lições mais transparentes do Natal é a gratuidade. Deus se encarna como Graça, Dom, Gratuidade. Vem encontrar e salvar o que estava perdido. Vem dar cumprimento às Promessas antigas que fizera gratuitamente ao seu povo pela boca dos Profetas: “Eis que uma Virgem conceberá e dará à luz um Filho e lhe porão por nome Emanuel- Deus conosco”. Essa lição maior do Natal traz um forte apelo para a humanidade. O mundo de hodierno não se caracteriza precisamente pela gratuidade.
Ao contrário. O afã de lucro, a luta pelo poder, a ânsia de consumismo e de prazer sem restrições vão tornando a sociedade cada vez mais competitiva e fechando as pessoas sobre si mesmas e seus interesses individuais. A ternura, a compaixão e a gratuidade são consideradas atitudes obsoletas. Os mandamentos da cartilha do novo sistema vigente são bem outros:
O mundo é dos ambiciosos e dos vencedores. O momento histórico não admite perdedores. A única ética possível é a do individualismo. Para a humanidade não é difícil deixar-se enredar nas teias desse intricado contexto sociocultural e político atual e acomodar-se às regras da globalização neoliberal descaracterizando-se como seguimento apaixonado de Jesus Cristo e perdendo, por isso mesmo, o sentido da gratuidade.
O costume, também antigo, e vigente, ainda entre nós, de as pessoas se presentearem mutuamente no Natal tem, sem dúvida, e muito a ver com a alegria e a gratuidade própria desta festa. Mas o consumismo exacerbado que caracteriza o mundo pós-moderno, vem deturpando cada vez mais o sentido original desse gesto que deve ser um símbolo de solidariedade, comunhão e partilha. A comercialização da gratuidade que ocorre no Natal toma-se cada vez mais um contrassenso e um contra testemunho, pois o gesto do estar presente na vida do outro pode estar sendo substituído por uma lembrancinha. Frente a tudo isso, o Cristão está chamado a reafirmar no seu dia a dia a gratuidade, a solidariedade, a beleza, a transparência e a jovialidade das celebrações do Natal.
É preciso ter o coração despojado e a alma limpa para captar todo o magnetismo e todo o sabor simbólico desta festa cristã por excelência que é o Natal de Jesus Cristo.
Para ser testemunha viva do inefável mistério do Filho de Deus feito humano para a glória da Trindade e a salvação de homens e mulheres de todos os tempos, sejam quais sejam a sua raça, religião, cultura, etnia, procedência geográfica e condição social.
A reafirmação corajosa e profética dessa unidade em Cristo Jesus – “primogênito de muitos irmãos” para além de todas as diferenças que humilham, discriminam, dividem e excluem, permitirá que o Natal continue a ser celebrado nas nossas casa e comunidades como a festa da gratuidade e do amor universal como Boa Nova para toda a humanidade.

NATAL…..
Natal é tempo oportuno para a ação e reconciliação.
É favorável para o perdão, é hora de dar as mãos.
Nos unir e partir…
Partir para viver de um jeito novo.
É tempo de rever…
Rever nosso jeito de ser e viver…
Nosso jeito de amar…
Nosso jeito de olhar…
Olhar e ver além da flor que desabrocha em nossos quintais…
Olhar e ver por detrás do sorriso de uma criança,
que encanta com sua candura e simplicidade…
Olhar além da idade e enxergar a beleza, a grandeza,
ver a verdade que se esconde por detrás dos anos, …. Anos sofridos,
passados e vividos como preciosos momentos de felicidade…
Natal tempo de esperança, de viver a justiça,
de compartilhar abraços, de nutrir os laços, firmar amizades…
Natal, é Natal… É O AMOR QUE SE ENCARNA.

Que todos/as tenham um Natal de harmonia e paz, na gratuidade do serviço aos irmãos, e na certeza de que o Emanuel O “Deus conosco” de todos os presépios vivos do mundo, caminha com seu povo, construindo história e semeando esperança.
FELIZ NATAL


Ir. Vera Lucia Palermo, Missionária em Guatemala
Irmãs Salvatorianas
veraluciapalermo@gmail.com