LEIGOS – MISSÃO – IGREJA

A CNBB instituiu 2018, o ano do Laicato (estado ou condição de leigo), ou seja, o ano de pensar o papel do leigo dentro da igreja, esse chamado de participar da vida eclesial.
O estudo nº 107 da CNBB, “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade”, sai ao encontro desse tema e busca esclarecer um pouco melhor qual é esse papel.
Entender por que se faz essa pergunta atualmente já é um bom caminho andado na direção da resposta que buscamos.
Parece existir na Igreja uma noção errada de que os clérigos (bispos, padres e diáconos, em oposição aos leigos, que são todos os demais fiéis) são os “mais importantes e os protagonistas” da Igreja, enquanto os leigos são “os que escutam”, que passivamente se alimentam daquilo que os clérigos possuem para dar.
A esse clericalismo o Concílio Vaticano II respondeu voltando a afirmar a dignidade e a missão fundamental dos leigos na Igreja. Por sua realidade de batizados, todos os leigos não apenas estão na Igreja, mas são Igreja, são parte do corpo que tem Cristo por cabeça, assim como os clérigos.
O Concílio Vaticano II resgatou, de maneira iluminada, o papel do leigo na Igreja; por isso, hoje, graças a Deus, homens e mulheres leigos, jovens e até crianças fazem um trabalho maravilhoso de evangelização.
Em nosso Continente, onde há uma enorme falta de sacerdotes, o leigo pode e deve dar a sua grande contribuição à Igreja na missão de salvar almas. O nosso Catecismo da Igreja Católica (CIC) diz que todo leigo, em virtude dos dons que lhe foram conferidos, é, ao mesmo tempo, testemunha e instrumento vivo da própria missão da Igreja pela medida do dom de Cristo (Ef 4,7) [CIC§913].
A missão do leigo é justamente levar o Evangelho, que mostra esse sentido, a todos onde a igreja edificada não alcança. Onde os sacerdotes não chegam e junto à pessoas que não passam perto dos templos.
Um primeiro antagonismo é o que se dá entre a fé e a vida, que faz referência a uma espécie de separação da vida de fé e da vida prática, como se as duas realidades não se relacionassem.
Muitos vivem uma espécie de agnosticismo(aquele que não acredita e nem nega a existência de Deus) funcional, no qual a fé não interpela mais a vida cotidiana. São os cristãos de Domingo e dias de festa, quando o verdadeiro chamado é a ter uma vida (completamente) cristã.
Outro antagonismo que precisa ser superado acontece entre a Igreja e o Mundo. Muitos podem pensar que a Igreja é uma espécie de refúgio, no qual se pode fugir do mundo hostil. Se bem é verdade que na Igreja encontramos esse espaço de paz verdadeira, precisamos reconhecer que é essencial que essa paz chegue aos quatro cantos do mundo.
Devemos nós procurar responder os anseios das pessoas que estão junto ao nosso convívio, com respostas firmes, provindas de nossa fé e reenviá-las ao Evangelho de Jesus Cristo que é a resposta a todos esses anseios humanos. Somos católicos 24 h, no trabalho, no clube, no lar, no restaurante, enfim em todos os momentos.
Ser presença comprometida (pelo Testemunho e Ação) na reformulação de realidades que precisam ser tornadas sadias e cristãs. A realidade do leigo é a encarnação do mundo.
Como cristãos, temos essa grande responsabilidade, a de mostrar aos que já foram batizados e agora estão desiludidos, famintos e sedentos de Deus e ás vezes, justamente por essa procura, caminham numa estrada confusa e manipulada.
Que o Cristão seja mais responsável e ajude na transformação para o bem, ajudando a construir o Reino de Deus Aqui e Agora.
Cada leigo deve repetir com São Paulo: Ai de mim se eu não evangelizar (1Cor 9,16). Certa vez, falando aos bispos do Brasil em uma de suas visitas ad limina, Papa João Paulo II disse a eles: “O fiel leigo, na sua própria vida cristã e em sua atuação na Igreja, não é um mero auxiliar do bispo ou do padre. O batismo lhe dá direito e, portanto, também o dever de realizar em sua existência a ação sacerdotal de Cristo. Daí a justa autonomia do fiel leigo naquilo que lhe é próprio: em qualquer estado ou condição de vida, cada pessoa na sociedade, independentemente da sua raça e cultura, tem o lugar que lhe é devido e é chamada a exercer a missão que Deus confiou à Igreja, para esta realizar no mundo (Código de Direito Canônico, 204).”
A grande função do leigo é tornar-se mensageiro do evangelho de Jesus Cristo hoje, com gratidão, entusiasmo e convicção como protagonistas vivenciados na palavra de Deus. Devemos saber recuperar a memória dos ensinamentos de Jesus e lavar adiante a Sua proposta, sem sermos inoportunos, mas sem perder uma única oportunidade, com amor e sem receio. Muitas vezes será por nosso intermédio que voltarão a Igreja Católica.

Leigos precisam estudar e conhecer a doutrina
da Igreja
O leigo precisa conhecer a doutrina que Cristo ensinou à Igreja e que está, de modo especial, muito bem sintetizada no Catecismo da Igreja Católica. O Papa Bento XVI disse a um grupo de bispos ucranianos que: “A formação de um laicado(leigo na igreja) que saiba dar a razão da sua fé é mais necessária que nunca em nossos tempos e representa um dos objetivos pastorais que terá que se perseguir com empenho” (acidigital.com Vaticano 27 set 07). Uma vez que o trabalho do leigo cresce hoje na Igreja, assim também a sua formação precisa ser cada vez mais esmerada. Ele não pode ensinar o que quer, mas o que a Igreja ensina.
Nunca se precisou tanto de todos, bons religiosos e bons leigos – sal da terra, a luz do mundo. No alvorecer de uma nova época, onde os costumes e a família estão desregrados, é fundamental mostrarmos nós o outro lado de um modo de ser sadio, pelo valor das orações, pelo bem estar comum, numa preparação para o Paraíso. Nós sabemos onde queremos chegar e como chegar.
Nós leigos queremos a Igreja conforme Jesus a instituiu e a organizou, e não segundo o parecer e a vontade dos homens. Toda doutrina que destoa do que vem do Senhor – por meio do Magistério – deve ser abandonada e corrigida. Às vezes, fala-se perigosamente de “Uma Igreja, povo de Deus”, sem uma autêntica hierarquia; esta é uma igreja falsa.
A nossa segurança é estar em comunhão com o Magistério, obedecer às diretrizes do Papa, a quem Cristo confiou a Sua Igreja: Sobre ti edificarei a minha Igreja… (Mt 16,17). “Pedro (…) apascenta minhas ovelhas” (Jo 21,17).
Par finalizarmos, podemos resumir e anunciar, bem alto e em bom som:
Que todo evangelizado
seja um evangelizador.


Equipe do Crisma