GRATIDÃO, AMOR E LOUVOR A DEUS

São Paulo nos diz que, quando ele está fraco, aí é que se torna forte porque é na fraqueza que mais precisamos da graça e da força de Deus. E é então que recebemos a graça em toda a sua plenitude.
A passagem dos 10 leprosos carrega um significado muito forte da importância de ser grato e ter fé. (Lc 17,11-19). No contexto cristão, a passagem nos lembra como muitos pedem a graça e benção, mas poucos se lembram de agradecer e louvar. Devemos tem uma fé madura, que nasce da esperança, cresce na obediência à Palavra de Jesus e se manifesta na gratidão. Podemos e devemos pedir a Deus pela sua misericórdia, poder e graça de sermos curados de algum mal corporal que nos aflige e até nos exclui da sociedade, mas o que conta, mais que a cura corporal é a salvação eterna de nossa alma, pela nossa fé. A vida chega à plenitude, ao reconhecer que, em Jesus, o amor de Deus leva os homens a viver na alegria da gratidão. A vida que Deus dá em Jesus Cristo é gratuita, é graça.
A solidariedade coincide com a autêntica espiritualidade, ou seja: a ação do Espírito Santo, o amor. O Espírito Santo é o amor de Deus que se faz história na misericórdia solidária do Pai Eterno que nos envia o seu Filho redentor através da sua encarnação pascal. O Espírito Santo é a intercomunicação trinitária infinita no amor. A Terceira Pessoa da Santíssima Trindade mostra-nos a natureza divina de Deus como Amor; um amor que é a entrega total do Pai ao seu Filho e do Filho ao seu Pai que, na sua total dedicação, fazem proceder deles a pessoa Amor, a pessoa Dom, que é o Espírito Santo. Portanto, o Espírito Santo significa a infinita posse pessoal individual tanto do Pai como do Filho em si próprios, posse que o coloca em condição de se poder doar de modo absoluto. Aqui encontra-se a essência da solidariedade. Quando falamos da solidariedade humana, esta é autêntica somente quando é feita à imagem de Deus. O homem torna-se filho de Deus somente através da solidariedade, que significa receber numa doação gratuita plena tudo aquilo que é, e doá-lo também sem medida a Deus e aos outros.
Somente sob esta luz se pode entender o mistério da solidariedade redentora: de fato, a maior doação que se possa pensar é a doação até à morte: “Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 13). Desta doação, até à morte, o Pai cria a solidariedade da humanidade redimida. Consequentemente, a autêntica solidariedade é aquela a que não importa o risco da perda da vida até ao ponto de poder dar a vida pelos outros. A exemplo dos dez leprosos que apenas um voltou para agradecer, observamos que enquanto alguns continuam a enxergar o Senhor Jesus apenas como Alguém capaz de curar ou solucionar seus problemas, outros O reconhecem como seu Salvador e passam a segui-lo.
Diante disso concluímos que não basta somente reconhecer a nossa miséria e ter consciência de que somos pecadores (as) necessitados (as) do perdão e da misericórdia de Deus e sermos curados de algum mal corporal. Precisamos, também, de coração, suplicar e confessar o nosso pecado demonstrando o nosso desejo de conversão, com humildade e contrição como os leprosos o fizeram. Necessitamos também nos colocar de prontidão para obedecer ao que o Senhor nos propõe. Quando obedecemos ao Senhor e decidimos caminhar dando o primeiro passo, as grandes e pequenas obras do Senhor começam a acontecer na nossa vida. Nós também, somos pecadores e indignos porque, com o nosso pecado maculamos o Corpo de Cristo, mas podemos ser curados dessa lepra se obedecermos a Palavra de Cristo e procurarmos um sacerdote que nos reintegre na Igreja. Precisamos saber expressar a nossa gratidão em gestos e atitudes concretas e não somente com palavras ou intenções. Um coração agradecido é reconhecido por Deus, mesmo que seja o de um estrangeiro e não faça parte do Seu povo.
– Você reconhece ser um pecador necessitado de perdão?
Você costuma procurar um sacerdote para receber o perdão dos pecados?

Qual é a sua atitude quando recebe uma graça do Senhor?
– Você teria depois voltado para dar glória a Deus, com gratidão?
Ao meditar na passagem bíblica do livro de Lucas, vejamos se nós também, estamos nos importando somente e apenas com nossas próprias vidas. Embora essa pregação sobre gratidão a Deus pareça algo distante de nossa realidade, podemos observar que isso acontece da mesma forma nos dias de hoje. Reparem que, dificilmente, alguém chega à igreja por vontade própria. A maioria busca a Deus por conta de algum problema, na esperança de que Ele possa ajudá-las, e de fato Ele pode. Porém, o divisor de águas entre os que permanecem na fé até o fim e os que se perdem no meio do caminho, está justamente na reação da pessoa após alcançar o milagre.
Se uma pessoa baseia a sua fé em milagres, seu interesse está nas bênçãos e não no Abençoador, e ela não desenvolve uma vida com Deus, pois a sua fé não tem fundamento em Sua Palavra. Já aqueles que não se esquecem de onde o Senhor Jesus os tirou, conseguem enxergar além, se tornam fortes e são capazes de resistir aos dias maus.
Além de ser uma pregação sobre milagres e curas e uma verdadeira lição sobre gratidão e indiferença, a passagem dos dez leprosos também tem muito a nos ensinar sobre nós mesmos. Fica aqui uma palavra-chave, “PERSEVERANÇA”. Sim, depois de tantas bençãos recebidas em nossas vidas cotidianamente, e muitas e muitas vezes não reconhecidas, não sejamos ingratos com aquele que tanto nos ama e continua sempre nos abençoando. Sejamos firmes e agradecidos em nossa caminhada, por tudo o que já recebemos, não por nossos méritos, más, por amor e graça de Deus. Reconheçamos o Senhor Jesus como Alguém que pode melhorar nossa vida, a de nossos irmãos e nos ajudar a sermos gratos em tudo.
Perdoe-nos ó Deus, porque somos fracos e pecadores.
Nossa Senhora, rogai por nós a seu filho Jesus.
Amém.