A 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-26), principal cúpula da ONU para debate sobre questões climáticas, está sendo realizada entre os dias 1 e 12 de novembro deste ano, em Glasgow, na Escócia, em ação conjunta do governo britânico com parceiros da Itália.
A união de quase 200 países no evento, tem como objetivo a aceleração de ações em direção aos objetivos do Acordo de Paris e da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas e Aquecimento Global.
A definição de um mercado global de carbono é um dos assuntos mais delicados da COP26. Este mercado é um estímulo financeiro para que os países diminuam as emissões de CO2. Alguns países já adotam este sistema em nível nacional, porém a adoção de regras globais se faz cada vez mais necessária, mesmo sendo mais complexo do que se imaginava.
O Acordo de Paris de 2015 foi um start sobre o tema, no qual metas foram estabelecidas para a neutralidade dos gases de efeito estufa lançados na atmosfera, dando a oportunidade de compra e venda de crédito de carbono entre países para que suas metas fossem atingidas.
O Brasil, um país agrícola, com a perspectiva de acabar com o desmatamento ilegal até 2028 e com forte potencial de desenvolvimento de energias renováveis, poderia oferecer cerca de 1 bilhão de toneladas de carbono nesse mercado até o fim da década, conforme um recente estudo da consultoria especializada em sustentabilidade WayCarbon.
O relatório aponta que esse crédito poderia movimentar em torno de R$ 100 bilhões – os valores são estimativos porque o preço do carbono ainda não foi determinado. Soluções como reflorestamento, manejo e restauração florestal podem ser “minas de ouro” em créditos de carbono.
Porém, para alcançar esta importante meta, que seria um impulso na economia nacional, o Brasil precisa urgentemente adotar medidas que vão contra a sua atual trajetória de emissões, além de barrar os recordes de devastação da Amazônia e outros biomas como o Pantanal e o Cerrado, que vem aumentando significativamente nos últimos anos.
Este mercado complexo também é alvo de críticas. O Greenpeace, por exemplo, avalia que o mercado de carbono significaria uma “licença” para países e empresas continuarem emitindo CO2, ao poderem compensar os excessos comprando créditos. Para elas, reduções cada vez mais drásticas das emissões são necessárias para o enfrentamento adequado da crise climática.
