Raimundo tinha tantos filhos que não achava mais quem fosse seu compadre. E mais um filho nasceu e lá foi ele, procurando quem o apadrinhasse. Encontrou a Morte a quem convidou e ela aceitou. A madrinha disse ao compadre:
- “Compadre, quero dar um presente ao meu afilhado e pensei em enriquecer o pai. Você vai ser famoso e vai ficar muito rico. Coloque uma placa de Médico na sua porta e nunca errará pois me verá sempre. Se eu estiver na cabeceira do doente, receite o que quiser, pois ele ficará bom. Se eu estiver nos pés, não faça nada…é caso perdido…”
Raimundo assim fez. Ficou rico e famoso porque não errava.
Um dia adoeceu o filho de um homem muito poderoso e Raimundo foi chamado. Quando chegou, viu a comadre aos pés da criança. A criança ia morrer. Raimundo não queria desagradar o pai e resolveu enganar a comadre. Pediu que os criados virassem a cama e os pés passaram para a cabeceira e a cabeceira para os pés. A Morte, ficou muito zangada com Raimundo.
Passado uns tempos, Raimundo ficou muito doente e a comadre lá estava aos seus pés. Pediu:
“-Comadre, antes de me levar, quero rezar um Padre- Nosso até o fim. Não me leve antes de eu terminar.”
Começou a rezar e parou no meio da oração e disse a comadre que sua reza ia demorar anos e anos. A Morte ficou muito zangada, mas tinha prometido que a oração seria até o fim. E Raimundo viveu muitos anos. Um dia um forte vento destruiu o jardim da sua casa. Ele adorava seu jardim e muito contrariado, disse: - “Preferia morrer do que ver tal estrago.”
Mal terminou de falar e a Morte bateu em cima dele e o levou com ela, dizendo: - “Você me enganou duas vezes, mas três…não.
