Causos – Ele era assim…

Encontrava-se Lia… ou na rua XV, ou no jardim e também na igreja, pela adoração que tinha pelo Padre Carreta, da Paróquia de São João. Costumava dizer ás pessoas: “Padre Carreta é meu.”
Circulava pela sacristia, nas procissões e na banda, carregando instrumentos ou partituras.
“Lia, quantos anos você tem?” Lá vinha a resposta: “Doiiis”.
Era assim o Elias Calil, filho de Antonio Calil, comerciante na rua XV. Um problema congênito, estacionou sua idade mental em 5 anos e o fez viver como uma criança alegre por toda a sua vida.
Certa vez, acompanhando a procissão do Santíssimo e carregando os chapéus dos Irmãos, Lia se viu apertado e se mandou para o banheiro da sua casa. Ao final da procissão, todos os Irmãos procuram Lia e seus chapéus, que estavam bem escondidos – sob um banco do jardim – o melhor lugar encontrado por Lia.
Outra vez, em plena Semana Santa, um excelente orador sacro, falava sobre as “Três horas de Agonia”. Lia sentado bem á frente. Os fiéis lotavam a Igreja e ouviam emocionados e em silêncio a narrativa do orador sobre a vida e paixão de Cristo. O sacerdote estava empolgado e descrevia tudo de forma eloqüente e enérgica. Todos estavam em silêncio e extasiados e nesse momento Lia se manifesta com um forte grito: “Aí, sacudido!”
Todos riram, menos o orador assustado que não conhecia o Lia.