Causos Antigamente…

Antigamente, em Capivari ou em outro lugar qualquer, as moças eram mimosas e prendadas. Os rapagões, arrastavam uma asa por elas, as cortejavam, mas ficavam por meses no balaio. Se levavam uma tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva ou ir cantar em outra freguesia. As pessoas apressadas, não caiam de cavalo magro e nem tiravam o pai da forca. Jogavam verde para colher maduro e sabiam com quantos paus se faz uma canoa. Um ou outro, embarcava em canoa furada se alguém que lhes passasse a perna se azulava, se escafedia… Os idosos depois da janta, tomavam a fresca sem tomar sereno. Os mais jovens iam à praça ou ao cinema, sonhando muito e dando com os burros n´água.
Ao visitar uma família, ouvia-se: “Bem Vindo ou Deus esteja nesta casa.” Se alguém espirrasse, ouvia-se em coro: “Deus te Crie ou Saúde”. Lembranças aos amigos ausentes, tirar o chapéu ao cruzar com um sacerdote, não sabiam da missa a metade, mas queriam ensinar Padre Nosso ao vigário e com isso metiam a mão em cumbuca. Meninos arteiros, encapetados chegavam a pitar escondido atrás da igreja. Alguém contava tudo tintim por tintim, eram pegos com a boca na botija e comiam em casa o pão que o diabo amassou. Se pudessem, sumiam lá onde Judas perdeu as botas.
E nos negócios, uns ficavam a ver navios, outros que amarravam o cachorro com linguiça, ficavam ouvindo o cantar do galo. As famílias faziam sortimento na venda, tinham conta no carniceiro e compravam qualquer quitanda na porta desde que o tabuleiro fosse limpo e o moleque não tivesse catinga. Quem vinha dar dois dedos de prosa, trazia as novidades e os mascates, muitas vezes velhacos e tratantes, quando apareciam, eram a alegria das mademoiselles, o macho faceiro, trazia na sua mala fitas, tecidos, presentes… mas tudo isso era outrora.