Meu pai, dono de um pequeno armazém na cidade, tinha muita imaginação, alegre, conhecido e amigo de todos, só que… vivia atrapalhado com as contas, não se incomodava com os fiados, atendia os pedidos de ajuda e não cobrava ninguém.
Um dos seus fornecedores começou a apertar papai para receber e papai não tinha como pagá-lo. Alguém comentou que esse credor adorava Van Gogh, o grande pintor holandês, tinha tudo sobre ele: réplicas de suas obras, livros, jornais e mais.
Isso deu uma ideia para papai que começou a ler tudo sobre o pintor, procurando algo que pudesse trocar com o credor e assim ficar livre da dívida. Todos sabiam que o pintor, numa briga com um amigo, num ataque de fúria, cortou sua própria orelha. Era isso… vender a orelha de Van Gogh, diria que era herança de seus antepassados.
Conversou com um coveiro, seu amigo, que lhe trouxe uma orelha mumificada em formol.
Papai tudo me informava, já que mamãe não concordava com suas ideias loucas. E chegou o dia… papai muito otimista com a orelha conversou com o credor que gritou, xingou e nos colocou para fora de sua casa.
Papai, muito desapontado, caminhava pensando no que dera errado.
- “Já sei, gritou. A orelha que ele cortou era a esquerda ou a direita?”
-” Não sei, respondi.” - “Foi isso. Levamos a orelha errada.”
E lá viemos nós, eu preocupado e papai resmungando por ter se esquecido do detalhe.
