CARTA ABERTA A UMA POETA

Prezada Poeta/Conterrânea Solange Hoppe Padilha:
Recebi, pelo Correio, o seu pacote de livros que, por sua deferência especial, me fez presente. Surpresa das boas, que me encheu de enorme expectativa.
O conjunto de sua lavra, pois, composta de “Asas do Interior”, de 1988 parceria com o inesquecível J. B. Campanholi (Titico); “Sonata de Outono, de 1997; “Tempo… Tempo… Tempo…,”, de 2007 e “Versos Desenhados”, de 2015 – formado de primorosas poesias – nos dá a dimensão exata do seu talento e da sua dedicação aos versos, nos brindando com o que há de melhor e salutar.
Não poderia, assim, deixar de lhe escrever, em forma de uma carta-aberta, já que o preito de gratidão precisa e necessário é abrir num largo sorriso.
Já tinha conhecimento de suas poesias, de há muito. Mas, contudo, em esparsas publicações pelos bons jornais da nossa terra. E mais ainda, pelos amigos e amigos mais chegados a você, cara Solange, que sempre apreciaram os seus escritos.
Estou lendo tudo. Algumas, repasso a leitura várias vezes, detendo-me em detalhes que me chamam a atenção, pela simplicidade e singeleza de versos carregados de reflexões ante a vida vivida. É assim a sua poesia, recheada de beleza ímpar e de momentos prazerosos.
Não saberia, caríssima, escolher qual dos seus livros me causou maior sensação. Arrisco, pois, dizer que “Sonata de Outono” tenha sido o mais profundo deles, do meu ponto-de-vista. E se me pedirem para citar uma poesia deste opúsculo, não hesitaria em dizer que Poesia (página 33) é um espelho de sua alma; de nossa alma embebida ou embevecida do néctar das manhãs capivarianas, dos frios antigos do mês de junho: “A poesia não deve ser explicada. / Sentir é o verbo. / Saborear é fazê-la entrar nos poros. / Vivê-la é para os poetas! / Melhor que explicar a poesia, / é a experiência das emoções que ela revela / para uma alma / disposta a compreendê-la.”
Estas suas quatro obras, caríssima, são produções de profundo sentimentalismo, de saudosas passagens, de significativas mensagens que nos calam na alma. Evocam tempos, pessoas, peculiaridades do dia-a-dia, otimismo, situações e amor,,, muito amor a tudo e a todos.
Percorro as poesias nostálgicas onde, com propriedade que lhe é tão peculiar, provocam nostalgia e recordações de pessoas: Alcides Vieira (o caboclo Dito Vieira, que gravado está em minha retina), em “Lembranças” e o tocante poema “Velho Amigo”, onde clama pelo amável e saudoso Mário Hoppe
Ficaria, aqui, a descrever a multiforme poesia da amiga Solange que se utilizando do rompimento com o clássico, iniciado por Walt Whitman (1819-1892), nos apresenta um mundo mágico de versos livres. Aliás, muito bem posto na introdução do seu livro “Tempo… Tempo… Tempo…”, pelo saudoso J. B. Campanholi: “Seus versos, poder-se-ia dizer, são verbos duplamente brancos, seja porque não se amarram e se aprisionam em rimas e métricas (como alguns versos de Rodrigues e de outros tantos poetas de renome), seja porque tenham um romantismo (aliás, eu, prefiro lirismo pleno) que nos toca emocionalmente”.
Parabéns, Solange, por estes punhados de poesias que suspiramos a cada leitura, apaziguando a nossa alma e recarregando os nossos impulsos pelo belo que brilha aos nossos olhos.

Em: 05/novembro/2017.