CAPIVARI: TRÁFICO, USO DE DROGAS E OS MENORES

Em nossas notas policiais, no Correio de Capivari, cresce o número de prisões pelo tráfico de drogas e muito grande é o envolvimento de menores. Inclusive a morte de um jovem, supostamente traficante, quando da repreensão policial neste mês, cujo corpo foi encontrado no rio Capivari.
Hoje já se sabe cientificamente que a porta de entrada para outras drogas continua sendo o tabaco, o álcool e a maconha.
Na clínica onde faço palestras sobre dependência química, recuperação e prevenção de recaída, quando pergunto quem está internado por uso de drogas ilícitas, de sessenta pacientes, cinquenta levantam a mão, os outros dez estão por problemas de alcoolismo.
Quando pergunto como começaram, todos apontam o álcool e a maconha, para depois ingressar na cocaína e crack.
Entretanto, é mais fácil tratar do paciente envolvido com a cocaína, maconha e crack do que os usuários de álcool e cigarro.
A prefeitura da cidade de São Paulo e o governo do Estado tentam fazer uma limpeza na Cracolândia da capital, com prisões dos traficantes e internação compulsória dos usuários. Antes da Copa do Mundo de 2014, o mesmo Geraldo Alckmin também fez um movimento neste sentido e a revista Veja registrou em suas páginas (dezembro/2012): “Foi o que de mais relevante a operação anticrack em São Paulo produziu: colunas de viciados vagando pelo centro da cidade, depois de serem expulsos pela Polícia Militar da região tristemente conhecida como Cracolândia”.
E continua com uma revelação surpreendente: “Nessa procissão sem rumo, a degradação exibida em fila indiana igualava ricos e pobres. Um estudo feito pelo Instituto Nacional de Políticas Públicas de Álcool e Drogas mostrou que, de 178 ocupantes da região, 17 tinham curso superior completo e 24 estavam matriculados em faculdade. Dois deles estudavam medicina”.
Em Capivari existem vários pontos de venda e uso de drogas, e a polícia militar, a guarda municipal e polícia civil atuam prendendo alguns; entretanto, na mesma semana estão outros traficando no mesmo quarteirão. São menores, irmãos, pais que estão envolvidos num negócio que nessa época de crise e desemprego propõe um bom ganho, além da venda para sustento do vício dos próprios usuários.
A ponte do Moreto é uma Cracolândia capivariana. Nesses pequenos assaltos na cidade, nos roubos e furtos, na sua maioria estão envolvidos os usuários de drogas. Como sabemos, estes não precisariam de prisão, e sim de tratamento, mas a lei está aí para ser cumprida – e também modificada em função do contexto social. Com esse número de prisões de pequenos traficantes, abrimos mais celas do que salas de aulas. E é mais barato educar um jovem do que sustentar um preso (e sua família).
É necessário que o poder público, através das secretarias da educação e saúde, desenvolva projetos de prevenção nas escolas e faculdades, assim como nas igrejas e seus grupos, nas instituições e nos clubes de serviços (Movimento Capivari Solidário, Rotary Club, Lions, Loja Maçônica, entre outros) e os próprios pais trabalhem pela educação para que as crianças e jovens não se envolvam em tão triste caminho.