A liturgia deste 21º Domingo do Tempo Comum fala-nos de opções de nossa existência, que podem ser gastas a perseguir valores efêmeros ou apostar em valores eternos que nos conduzem à vida definitiva, à realização plena. Temos que fazer a nossa escolha dia a dia.
O povo esperava um Messias que lhe oferecesse uma vida confortável e pão em abundancia, mas Jesus mostrou que não veio dar coisas”, mas oferecer-se para que a humanidade tivesse vida. Esperavam de Jesus uma proposta de triunfo e glória, mas Jesus os convidou à identificar-se com Ele e segui-lo no caminho do amor; os coloca diante de uma opção fundamental: continuar a viver numa lógica humana, virada para os bens materiais e satisfações imediatas, ou assumir a lógica de Deus, seguindo o seu exemplo e fazendo da vida um dom de amor para ser partilhado.
O Evangelho deste domingo põe claramente a questão das opções que nós discípulos de Jesus, somos convidados a fazer…
Os “muitos discípulos” que não tiveram coragem para aceitar a proposta de Jesus, representa os grupos que estão comprometidos com os valores do mundo, que até podem frequentar a comunidade cristã, mas que no dia a dia estão mais preocupados com o êxito pessoal a toda custa. Para estes a palavra de Jesus eram “palavras duras”.
Os “Dozes” que ficaram com Jesus, estavam convictos de que só Ele tem palavras que comunicam a vida definitiva, representam aqueles que não estão firmados em valores efêmeros e dispostos em gastar a sua vida em caminhos que só conduzem a insatisfação e frustração. Representam aqueles que aderem sinceramente a Jesus, se comprometem com o seu projeto e se esforçam para viver com coerência a missão que receberam no dia de seu Batismo. Essa opção precisa ser constantemente renovada.
Naquele tempo a “dureza” estava no anuncio do alimento espiritual que o Pai oferecia em Jesus Cristo: o sacramento de seu Corpo e Sangue.
Nesse tempo a “dureza” está em um Evangelho que não se deixa levar pelas modas de cada época, continua a dizer que o matrimônio é indissolúvel, e não um simples contrato para ser cumprido enquanto for suave somente, insiste em proclamar que a vida é sagrada, apesar das inúmeras tentativas de eliminá-la.
Diante desse “não” Jesus não força, não protesta, não ameaça, mas respeita a liberdade de escolha. Mostra-nos o respeito de Deus diante das decisões do homem mesmo que estas sejam erradas. É um Deus compreensivo, que respeita o homem, que aceita que ele exerça o seu direito à liberdade. Um Deus compreensivo e tolerante que nos convida a dar mostras de misericórdia, de respeito e compreensão para com os irmãos que seguem caminho diferentes. Essa divergência de caminhos não pode afastar-nos do irmão ou servir de pretexto para o marginalizarmos e excluirmos do nosso convívio.
Mariângela da Graça Nascimento Capóssoli Stênico