O DEMÔNIO DO ALCOÓLATRA

E algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios. (Lucas 8:2).

“O demônio do alcoólatra” é uma história muito interessante.
Durante esses quarenta anos de “exorcismos” (quer dizer, prática da desobsessão, de afastar espíritos que estão acompanhando pessoas) em centro espírita, uma atividade de amparo espiritual, tenho aprendido muitas histórias assim.
Não existe demônio, diabo ou satanás como seres criados por Deus que se rebelaram e se tornaram seus inimigos; existem sim, espíritos imperfeitos que se rebelam, tornam-se viciosos (em sentimentos, em mentalidades, em comportamentos, e consequentemente em substâncias) e passam a obsidiar as pessoas em suas mais diversas atividades na vida.
Por exemplo: na comida, na bebida, no sexo, no jogo, no apego ao poder, na riqueza, na fama etc.
É necessário preparo, através da oração, da fé e de uma vida respeitosa, para tratar com eles, esses supostos “demônios” – espíritos imperfeitos e vingativos.
Os discípulos de Jesus não conseguiram livrar um jovem de um espírito obsessor que ora o jogava na água (fazia com que ele bebesse) e ora no fogo (fazia com que ele fumasse ou usasse drogas); foi preciso pedirem a intervenção de seu mestre (Mateus 17:14-18).
Em Atos dos Apóstolos (19:13-17), temos outra situação constrangedora, em que os filhos de Ceva (um judeu, principal entre os sacerdotes) não conseguiram afastar um espírito obsessor, mesmo esconjurando-o em nome de Jesus: “Respondendo, porém, o espírito maligno, disse: ‘Conheço a Jesus, e bem sei quem é Paulo; mas vós quem sois?’. E, saltando neles o homem que tinha o espírito maligno, e assenhoreando-se de todos, pôde mais do que eles; de tal maneira que, nus e feridos, fugiram daquela casa”.
Há muitos anos, quando eu morava na cidade de Conchas, compareceu em nossa sessão espírita uma jovem noiva pedindo ajuda para seu namorado que tinha problema com o alcoolismo.
Evocada a assistência dos bons espíritos em nome de Jesus, manifestou-se um espírito de dependente de álcool, que contou sua história.
Era da mesma cidade do jovem namorado, a quem acompanhava porque ele também gostava de beber.
O espírito tinha vivido na pobreza, sem cultura; com o vício do alcoolismo, buscou algumas vezes ajuda na sua religião de fé, porém, diante de sua miséria e do preconceito, não foi bem atendido.
Continuou no vício, vindo a falecer nesse estado.
No Além, descobriu que o que morrera fora apenas o seu corpo físico, e que ele tinha um corpo semelhante, porém espiritual – mas não havia morrido a sua vontade de beber.
Então, continuou a beber junto de homens alcoólatras até que encontrou esse parceiro que se tornou ideal.
Bebiam, iam para casa juntos e dormiam, para continuar a beber no dia seguinte.
Oferecida ajuda espiritual pelos espíritos benfeitores, ele aceitou se tratar no mundo dos espíritos e deixar o moço encarnado levar sua vida.
Porém, com a experiência de anos no vício, queria deixar um recado ao jovem noivo (“Coloque uma tranca em sua boca” – abstinência total de álcool; cerveja também é droga), com três recomendações.
Primeira recomendação: “Se o noivo voltar a beber, poderá vir outro espírito ocupar o meu lugar junto dele, um espírito que além de beber goste de brigar. E então, além de beber, irá apanhar na rua, porque bêbado só bate na família – esposa e filhos”.
Segunda: “Se voltar a beber, poderá vir junto dele um espírito que além de beber goste de jogar. E então, além de beber vai gastar todo o salário com jogo, porque a jogatina consome o homem e sua finança, e vai deixar a família na miséria”.
Por fim, a terceira: “Se voltar a beber, poderá vir junto dele um espírito que além de beber goste de abusar do sexo.
E então, além de beber vai gastar todo o salário com prostituição, porque a prostituição consome o homem e sua finança, e vai deixar a família na miséria”.
Era, um espírito simples e viciado, mas capaz de deixar uma lição de vida.