Plástico e a ameaça à vida

Anualmente, milhões de toneladas de resíduos plásticos vão parar no mar, colocando em risco e podendo causar danos irreparáveis à vida marinha. A ONU trata a questão como uma crise planetária e o fim do ecossistema oceânico.
O plástico da forma que conhecemos existe há cerca de 70 anos. E, desde então, o uso desse material tem transformado muitas áreas – da confecção de roupas à culinária, passando pela engenharia, design e até o comércio varejista.
Estima-se que cerca de 8,3 nilhões de toneladas de plástico já foram produzidas. Até 2015, cerca de 6,3 bilhões de toneladas de resíduos plásticos foram geradas, sendo 9% reciclados, 12% incinerados e 79% acumulados em aterros sanitários ou na natureza. Se a média atual de produção for mantida, bem como a forma como estes resíduos são administrados, cerca de 12 bilhões de toneladas de plástico serão acumuladas até 2050. (Science Magazine).
A grande quantidade de resíduos de plástico é resultado do estilo de vida moderno, em que o plástico é usado como matéria-prima para diversos itens descartáveis ou “de uso único”, como garrafas de bebida, fraldas, cotonetes e talheres.
Calcula-se que 10 milhões de toneladas de plástico vão parar no mar todos os anos. Um estudo analisou 192 países com território à beira-mar que estão contribuindo para o lançamento de resíduos de plástico nos oceanos. E descobriu que 13 dos 20 principais responsáveis pela poluição marinha são nações asiáticas. Enquanto a China está no topo da lista, os Estados Unidos aparecem na 20ª posição. O Brasil ocupa, por sua vez, o 16º lugar do ranking, que leva em conta o tamanho da população vivendo em áreas costeiras, o total de resíduos gerados e o total de plástico jogado fora.
O lixo plástico costuma acumular em áreas do oceano onde os ventos provocam correntes circulares giratórias, capazes de sugar qualquer detrito flutuante. Há cinco correntes desse tipo no mundo, mas uma das mais famosas é a do Pacífico Norte.
Para aves marinhas e animais de maior porte – como tartarugas, golfinhos e focas -, o perigo pode estar nas sacolas de plástico, nas quais acabam ficando presos. Esses animais também costumam confundir o plástico com comida. Pedaços maiores de plástico também causam danos ao sistema digestivo de aves e baleias – e são potencialmente fatais.
Com o tempo, os resíduos de plástico são degradados, dividindo-se em pequenos fragmentos. O processo, que é lento, também preocupa os cientistas. Uma pesquisa da Universidade de Plymouth, na Inglaterra, mostrou que resíduos de plástico foram encontrados em um terço dos peixes capturados no Reino Unido, entre eles o bacalhau.
Além de resultar em desnutrição e fome para os peixes, os pesquisadores dizem que, ao consumir frutos do mar, os seres humanos podem estar se alimentando, por tabela, de fragmentos de plástico. E os efeitos disso ainda são desconhecidos.
Em 2016, a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar alertou para o crescente risco à saúde humana, dada a possibilidade de micropartículas de plástico estarem presentes nos tecidos dos peixes comercializados.