Causos Xiii… levou tábua

“Levar tábua” era ouvir um “não” da dama, quando o cavalheiro a convidava para dançar.

Nhô Bastião era um senhor folgado, bom de conversa e trabalhador na lavoura de uma das três fazendas da usina de Rafard. Mensalmente, havia um baile na sede da usina para os empregados e familiares. Ao som de um conjunto musical, as famílias aproveitavam a noite de sábado para até a madrugada rirem, dançarem e os homens exagerarem na bebida.
Numa dessas noitadas, Nhô Bastião, que já tinha tomado umas e outras, se sentiu atraído por uma dama de óculos escuros, largo sorriso e sem perder tempo, abotoou o paletó e com um hálito terrível, a convidou para uma contradança:

  • “A senhorita, quer me dar o prazer?”
  • “Não, eu não danço com homem chumbado. ” E virou-lhe o rosto.
    “Não faz mal… sua ócluda, remelenta…”
    Passado um mês, chegou o sábado dançante e lá estavam todos. Nhô Bastião, gato escaldado… ressabiado, antes de molhar a garganta, vendo a dona de óculos, foi até ela e pediu:
  • “A senhorita dançaria hoje comigo?”
  • “Como o senhor tem a coragem de vir tirar-me para dançar? Há um mês me chamou de remelenta.”
  • “Uai… há um mês… e até hoje ainda não lavou os zóios.”