O sino de uma igreja toca para lembrar as pessoas de agradecer a Deus as coisas boas e bonitas, os atos de fé, os anúncios de festa, a despedida de alguém…
A nossa Matriz de São João possuía um excelente conjunto de sinos importados e de tamanhos diferentes e sua ressonância era inesquecível. Mas só os sinos nada faziam, precisavam de um sineiro e nós tínhamos o velho Ananias, Cidraque Ananias de Campos, negro, baixo, sorridente… já velho e que conhecia os sinos muito bem. Também limpava as chaminés das casas com suas varas de bambu e estopa. Deixava as chaminés como novas, raspando a sua fuligem. Mesmo doente, com sol ou com chuva, lá ia ele para o trabalho.
Morava em dois cômodos, junto com a esposa D. Paulina, frente a Matriz, ao lado da Cultura Artística. Sua única exigência era que a esposa o esperasse para comer e que o arroz fosse bem cozido e soltinho. Anos mais tarde mudou-se para uma casa perto do prédio do atual Correio.
Ananias, que fazia os sinos chorarem pela morte de alguém, não teve quem o fizesse em seu enterro. Só os sinos do céu, badalaram em festa pela sua chegada na casa do Pai.
