O poeta e o Tiro de Guerra

No próximo dia 27 (quarta-feira) estaremos comemorando o 120º. aniversário de nascimento do poeta Rodrigues de Abreu, lembrando do seu surgimento lá pelas bandas do bairro Itapeva (hoje, pertencente ao município de Rafard) – Fazenda Picadão.
A vida deste capivariano foi cheia de imprevistos, mas, de toda sorte, abundante em momentos indeléveis onde a sua capacidade de escritor ganhou proporções fenomenais: havia uma unanimidade intelectual em torno dele.
Reconhecidamente, não podemos vê-lo de forma apagada, somente tristonha e arrebatada pela tuberculose que o consumiu bem na mocidade.
Não podemos levar em conta este detalhe, pois que ele expandiu a sua literatura e o seu enorme grau de conhecimento acerca do mundo e das coisas, vivendo intensamente.
Talvez seja até um paradoxo dizer que o “mal do século” o atingiu pela própria vontade do poeta em sendo assim retirar o máximo do seu âmago em páginas e mais páginas da poesia brasileira.
Seja o que for, o poeta, na sua mocidade de 20 anos, havia se colocado à disposição da sociedade capivariana que lutava para a instalação da Linha de Tiro em nossa cidade. Foi, assim, um brilhante atirador
Isto posto, neste ano de 2017, podemos situar até a data de 20 passado, como o ponto chave do centenário do Tiro de Guerra.
Há um consenso geral de que o TG de Capivari tenha sido marcado pela memorável reunião na sede da sociedade Mútuo Socorro (Coleginho), na qual foi eleita a diretoria composta pelas figuras proeminentes do Dr. Leopoldo Augusto de Oliveira, Presidente; Luiz Ferraz de Sampaio, Vice-Presidente; Francisco Bernardino de Campos, Tesoureiro; Benedito Pereira da Cunha, Diretor do Tiro; Alencar Amaral, Secretário e os Vogais: Lupércio de Paula Leite Sampaio, Carlos Alberto dos Santos Altro, Luiz Grellet, Luiz Conforti e José Viegas. Ainda contando com a Comissão de Cotas: José Duarte Nunes, Leônidas de Campos Teixeira e José de Quadros Leite. Data: 20 de setembro de 1917.
Para a história de Capivari, o ano de 2017 marca os 100 anos do TG 603, depois transformado em TG 15 e, hoje, em TG 02-011. Marca, assim, concomitantemente, os 120 anos de nascimento do poeta. E como atirador engajado nas fileiras do Exército Brasileiro, um trecho de sua oração “Aos Moços da Linha de Tiro”, assim ele nos diz, cheio de ardor:
“Para vós, rapazes da minha terra, escrevo estas linhas. Escrevi-as, pensando em vós e sonhando com a nossa Pátria; portanto, de vós e para vós brotaram… Há nelas um apelo a vós, novos da minha terra… Cada um de nós tem o dever e é obrigado a ouvir e a seguir a grande voz da Pátria.
Ela quer ser forte, quer a paz e quer ter conceito no convívio das nações: formemos exércitos e ela será forte; como os exércitos garantir-lhe-emos a paz; tenhamos poderosa marinha, que proteja em outras terras os nossos interesses e comércio e que leve a nossa bandeira, com orgulhoso entorno desfraldado, a todas as terras e a todos os mares. E é cada um de nós, porque somos células da Pátria, quem formará isso tudo. Sejamos bons cidadãos e bons soldados.
Que em nós se dê a ressurreição cívica da nossa Pátria; surjamos à voz da Pátria; e, fibra a fibra, vibremos, abençoados e glorificados, com o hino imenso, que sobre dos nossos rios cantando, das nossas matas cheirosas, dos nossos mares sonoros!
O hino da ressurreição entrou em todas as aldeias; e, já existindo em nós, entrou Capivari com a Linha de Tiro…”
Salve o TG de Capivari! Vivas ao General Pires de Campos e ao Subtenente Cordeiro!
Salve Rodrigues de Abreu!
Vivas a Capivari!