FAMÍLIA QUE ESCOLHEMOS

Mas se alguém não tem cuidado dos seus, e princpalmente dos da sua família, negou a fé. Paulo (I Timóteo, 5:8)

A nossa edificação para um patamar de espíritos bem-aventurados vai sendo construída, elemento a elemento, nas vidas sucessivas.
A natureza não dá salto, portanto, somos obra dos milênios, graças à bondade de Deus.
Nos entreveros das existências, vamos aperfeiçoando-nos, visto ser nosso destino a perfeição e a felicidade.
Assim, vamos escolhendo nossa família no tempo e no espaço, fruto de nossas decisões do passado.
Paulo sustenta que, às vezes, é mais fácil ser gentil e demonstrar nossa fé perante estranhos, que por certo nos colocariam em nosso devido lugar (conhecidos, amigos, chefes), do que dentro do próprio lar.
Dessa forma, devemos vivenciar o amor e a fraternidade primeiro dentro da própria casa, com os familiares, estendendo-lhes palavras de compreensão e esperança sempre, pois elas podem edificar uma obra de sucesso familiar.
Uma das dificuldades no relacionamento é exigir que as pessoas pensem e ajam como nós mesmos.
Nós estamos em níveis evolutivos diferentes, alguns superiores e outros inferiores, e isso nos pede compreensão e tolerância, para que o entendimento e a paz sejam feitos na casa.
Na vida em família surgem os testes, e nossos familiares podem ser nossos professores na paciência, na bondade e na disciplina – em muitas situações são eles que nos controlam, criticam a nossa maneira de ser como se fossem superiores a nós, mesmo sendo nossos filhos. Isso é fruto de nossos compromissos do passado que se reacendem no presente.
Os filhos são a esperança do futuro, não aniquilemos os seus sonhos.
Como pais, devemos perceber seu grau de maturidade e responsabilidade diante da vida, dando a eles a liberdade de se desenvolverem, não tolhendo sua subjetividade de crescer e se desenvolver.
Hoje entendemos que nascemos e construímos o lar onde precisávamos estar para nosso crescimento.
E fica claro que não podemos resolver todas as dificuldades familiares, mas isso não nos impede de construir laços sadios e fortes de amorosidade e de ajuda com aqueles que Deus reuniu no mesmo teto.
Aceitemos que a vida dos outros, mesmo sendo nossos familiares que se emancipam, são deles, e que devemos respeitar suas diferenças, opiniões e caminhos escolhidos.
Onde não possamos socorrer, deixemos a vida correr, com compaixão e bondade, pois cada um é livre para fazer as escolhas.
Nascemos e desfrutamos dos melhores recursos que Deus poderia nos oferecer no momento, em virtude de nosso progresso alcançado.
Assim, amparemos aos nossos irmãos da estrada evolutiva que nos atravessem os caminhos, porém sejamos bons para estes outros que convivem conosco no dia a dia da experiência familiar.
Tenhamos a certeza de que nenhum deles surgiu em nossa vida “do nada”, mas são, isso sim, frutos de relacionamentos antigos, seculares, que nos batem à porta para que nos reajustemos e possamos ficar mutuamente quites.