Comemoração de Todos os fiéis Defuntos

A Igreja, acolhendo uma tradição monástica que vem do século XI, dedica o dia 2 de Novembro à memória dos fiéis defuntos.
Depois de ter celebrado a glória e a felicidade dos Santos, no dia 1 de Novembro, a Igreja dedica o dia 2 à oração de sufrágio pelos “irmãos que adormeceram na esperança da ressurreição”. Assim fica perfeita a comunhão de todos os crentes em Cristo.
Por isso, celebrar finados é dizer que o homem pode ter esperança diante da morte. Como intuiu Jó, Deus é, de verdade, o nosso Redentor, porque nos ama. Empenhou-se em resgatar-nos da escravidão do pecado e da morte com o preço do sangue do seu Filho e de modo absolutamente gratuito.
De fato, nós éramos pecadores, ímpios, inimigos; mas o Senhor reconheceu-nos como “seus”, e morreu por nós arrancando-nos à morte eterna. A morte de Cristo reconciliou-nos com o Pai, e a sua ressurreição permite-nos viver como salvos. Quebrando os laços do pecado, e deixando-nos guiar pelo Espírito derramado em nossos corações, atualizamos cada dia a graça do nosso novo nascimento.
No evangelho que nós é proposto para o Dia de Finados, observamos que a vontade de Deus, para a qual está totalmente voltada a missão de Jesus é um desígnio de vida e de salvação oferecido a todos os homens para que nenhum se perca.
O desígnio de Deus manifesta, pois, a sua ilimitada gratuidade e, ao mesmo tempo, a sua caridade atenta e cuidadosa por cada um de nós. Para acolhê-la, é preciso o livre consentimento da fé: quem acredita no Filho tem, desde já, a vida eterna, porque adere Àquele que é a ressurreição e a vida, o único que pode levar-nos para além do intransponível limite da morte.
Assim, o dia de finados nos chama também a uma atitude de silêncio, que é a melhor atitude perante a morte, pois o silencio nos introduz no diálogo da eternidade e revelando-nos a linguagem do amor, põe-nos em comunhão profunda com esse mistério imperscrutável.
Há um laço muito forte entre os que deixaram de viver no espaço e no tempo e aqueles que ainda vivem neles. É verdade que o desaparecimento físico dos nossos entes queridos nos causa grande sofrimento, devido à intransponível distância que se estabelece entre eles e nós, mas, pela fé e pela oração, podemos experimentar uma íntima comunhão com eles.
Quando parece que nos deixam, é o momento em que se instalam mais solidamente na nossa vida, permanecem presentes, fazem parte da nossa interioridade. Encontramo-los na pátria que já levamos no coração, lá onde habita a Santíssima Trindade.
São Paulo encoraja-nos a vivermos positivamente o mistério da morte, confrontando-nos com ela todos os dias, aceitando-a como lei de natureza e de graça, para sermos progressivamente despojados do que deve perecer até nos vermos milagrosamente transformados no que devemos ser.
Deste modo, a “morte quotidiana” revela-se um nascimento: o lento declínio e o pôr-do-sol tornam-se aurora luminosa. Todos os sofrimentos, canseiras e tribulações da vida fazem parte desta “morte quotidiana” que nos levará à vida imortal. Havemos de viver fixando os olhos na bem-aventurada esperança, confiando na fidelidade do Senhor, que nos prometeu a eternidade.
Vivendo assim, quando chegar ao termo desta vida, não veremos descer as trevas da noite, mas veremos erguer-se a aurora da eternidade, onde teremos a alegria de nos sentir uma só coisa com o Senhor. Para o cristão, o sofrimento é um tempo de “disponibilidade pura”, de “pura oblação” e, ao mesmo tempo, uma forma eminente de apostolado, em união a Cristo vítima, na comunhão dos santos, para salvação do mundo. Imolados com Ele, com Ele ressuscitaremos.

Pe. Adalton

IGREJA MATRIZ SÃO JOAO BATISTA
Missas – Dia de Finados
Matriz 6 hs
Capela do Cemitério 8 hs e 16 hs
Caso chova, as três missas serão na Igreja Matriz.