Aquecimento global ou variação climática natural?

O aquecimento do planeta faz parte do ciclo natural da Terra ao longo das eras. Glaciações que cobriram a superfície de gelo seguidas por altas nas temperaturas, por exemplo, são eventos que já se repetiram algumas vezes – com intensidades e consequências diversas.
A história climática do planeta demonstra, mesmo em épocas recentes, que ocorrem muitos pontos fora da curva em sua dinâmica do clima. Entre os anos 1300 e 1850, por exemplo, ocorreu uma pequena Era do Gelo, com o congelamento de alguns rios, como o Tamisa na Inglaterra. Em contraste, durante os três séculos da era medieval, há registros de altas temperaturas, com calor excessivo, que inclusive influenciou na queda do império romano.
Algumas pessoas insistem em acreditar, principalmente por conta dos exemplos listados acima, que o aquecimento global é um processo natural do planeta, já que ele vive períodos congelantes e escaldantes. O problema é que nos últimos tempos, o aquecimento tem ocorrido mais significativamente do que seu resfriamento e nos últimos 200 anos, os registros apontam que a Terra só esquentou.
Antes da Revolução Industrial, a temperatura do planeta era pelo menos um grau menor aos dias atuais. Fato devido ao aumento das emissões de gases nocivos ao meio ambiente, contribuindo à aceleração do aumento da temperatura.
Estudos publicados nas revistas científicas Nature e Nature Geoscience indicam que o agravamento no aquecimento do planeta se deu nos últimos dois milênios. Tais estudos consideram mais de 700 evidências desse tipo, que permitem a estimar temperaturas de diferentes momentos. Elas incluem dados retirados da cobertura vegetal (anéis em troncos de árvores podem trazer insights climáticos, por exemplo), de sedimentos em lagos e oceanos, do derretimento de gelo e até formações de cavernas.
As informações apontam para a mesma conclusão: não houve nenhum outro período nos últimos 2 mil anos que a temperatura mudou de forma tão drástica quanto atualmente. Segundo as estimativas, a alta das temperaturas, hoje, aparece de forma sincronizada em 98% da superfície terrestre. Só 2% do planeta, portanto, não está tão quente como já foi em algum outro momento ao longo dos últimos 2 mil anos.
Segundo os pesquisadores, enquanto as demais flutuações de temperatura tinham como causa fenômenos naturais, como erupções vulcânicas massivas, o aquecimento global conta com os gases de efeito estufa saindo das chaminés humanas. Estima-se que, em 2017, a concentração de gás carbônico na atmosfera era 146% maior do que na era pré-industrial.